quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Ainda é assim

"Eu te amo independente do amor . Eu te amo quando considerar errado amar. Eu te amo quando for proibido, quando me deixarem, quando você quiser e principalmente quando não quiser e precisar . Quem sabe você precise do meu amor tanto quanto eu preciso te amar."

Tati Bernardi

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sobre o que eu mais quero

Hoje pela manhã, enquanto eu me arrumava para ir trabalhar, liguei a tv e estava passando o filme "Um lugar chamado Notting Hill" e uma cena me tocou a alma: Hugh Grant e Julia Roberts invadiram um jardim particular, onde havia uma espécie de lápide sobre um banco de madeira com o nome de uma mulher, data de nascimento e de falecimento e uma dedicatória que dizia que ela havia se sentado a vida toda ao lado dele (a pessoa que fez a lápide, o provável marido). Então Julia Roberts diz: "algumas pessoas passam a vida inteira juntas". E eu refleti sobre o quanto, hoje em dia, os relacionamentos são descartáveis, no primeiro sinal de dificuldade todo mundo desiste da relação. Andam dizendo por aí que, agora, a tendência é que ninguém se case mais, que a monogamia acabe e outras coisas do tipo. E eu sinto um aperto enorme no peito ao ver o mundo assim. Tudo bem, eu não tenho nada contra quem quer viver dessa maneira, afinal somos livres e donos das nossas próprias opiniões/atitudes. Entretanto eu queria muito que sobrasse um pedacinho de mundo onde eu pudesse encontrar alguém que quisesse viver todos os seus dias ao meu lado e com quem eu viveria todos os meus, mesmo que, com o passar dos anos, a relação se desgastasse e se tornasse monótona, mesmo que, depois de alguns anos de casamento, crescesse uma barriguinha de chopp no lugar da barriga de tanquinho dele, mesmo que a convivência de todos os dias, no decorrer dos anos, tentasse esmagar um pouquinho o nosso amor um pelo outro, mesmo que ele deixasse toalhas molhadas espalhadas pela casa e não fechasse a tampa do cesto de lixo do banheiro (odeio conviver com gente que faz esse tipo de coisa!), mesmo que tudo se tornasse muito difícil, eu queria encontrar alguém que me amasse tanto e a quem eu amaria tanto que resistiríamos a todas as dificuldades pelo simples fato de que não conseguiríamos nos manter distantes um do outro, daríamos um jeito de fazer tudo ficar bom porque o amor faz essas coisas.
Eu sei, isso parece fantasioso, parece um conto de fadas num mundo onde o amor de I Coríntios 13 não tem mais espaço. Mas eu não vou me cansar de desejar isso pra minha vida, não vou me cansar nunca...

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Daqui a pouco

Se eu fosse analisar a realidade das pessoas que me cercam, eu deixaria de acreditar em tanta coisa, eu deixaria de acreditar em gente. Acho que a situação mais triste na vida de alguém é deixar de ter fé. Não consigo ser esse tipo de pessoa, mesmo quando tudo ao meu redor me manda descrer. São tantos corações despedaçados e se despedaçando cada vez mais, dia após dia. Eu só consigo olhar pra essas pessoas e dizer que o sol vai chegar, que corações se despedaçam para se tornarem mais fortes, que ninguém precisa se tornar cético ou cauterizado, que daqui a pouco a vida dá um girinho e uma brisa leve sopra em nós e nos acalma e traz, com ela, uma coisa boa. Não é fácil ver o coração de pessoas queridas virando cacos. 
Eu não sei de onde surgiu essa fé enorme na vida, que eu carrego desde sempre e para sempre comigo, mas é como minha mãe me disse um dia desses: "as coisas, em sua vida, acontecem de maneira muito grandiosa, minha filha", então eu só consigo crer, ter fé, acreditar! 
Esses dias, a vida está meio desanimada, a força não está presente, o cansaço tomou conta - cansaço de situações, cansaço de ver tudo-sempre-igual. Mas não me resta fazer outra coisa senão continuar e sentir esse pozinho mágico dentro do meu coração, que me faz lembrar que, daqui a pouco, tudo vem, tudo acontece. Eu só preciso ter calma e paciência.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O disfarce

Eu sei que ele disfarçava seu olhar em mim, fechando os olhos quando eu olhava pra ele porque meu olhar nele chegava mais rápido que seu fechar de olhos... Ou será que ele não queria que nossos olhares se encontrassem? Não sei. Tudo o que sei é que foi bom, leve e aliviante aquele reencontro.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Feliz aniversário, Renata!


Hoje é o meu dia: dezesseis de novembro de dois mil e onze! Estou tão calma e serena, que nem pareço eu mesma. Sinto-me inteira, completa dentro de mim. Como se tudo o que vier depois fosse pra adornar, não para completar, entende?
Há uma brisa fresquinha encostando em minha pele e fiozinhos de sol que conseguiram escapar pelas pequenas frestas das nuvens cinzas que preenchem o ceu.
Vinte e sete anos de existência, muitos altos, muitos baixos, muitos risos, muito choro e um coração enorme, cheio de bons sentimentos. Olho pra mulher que me tornei e me sinto orgulhosa: gosto de quem eu sou hoje. Gosto da intensidade que coloco na minha vida, nos meus sentimentos, da minha honestidade comigo mesma, da minha sinceridade, do meu sentimentalismo, vezenquando excessivo.
Estou feliz! Há uma música tocando dentro de mim, desde que eu me levantei da cama hoje. Minha alma está dançante, dançando com suavidade, leveza e euforia.
Tanta energia positiva emanada de tanta gente que me quer bem! Isso só pode ter sido conquistado por alguém que se fez querida! Hoje eu quero tudo o que tenho direito, todos os abraços, todas as palavras carinhosas, os olhares afetuosos e o amor dos meus amados, que é o essencial, o que me mantém de pé hoje e a cada manhã.
Obrigada, Deus, por me permitir iniciar mais um ano de vida nesta terra linda e cheia de surpresas lindas, recheando minha existência dia após dia! Obrigada, senhor da minha vida, pela minha saúde e pelos queridos tesouros com que me presenteou! Obrigada, pai do ceu, por cuidar de cada detalhe meu todos os dias e pra sempre!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Saudade

Dei pra sentir saudade de você agora, sabe? Uma saudade nova, uma falta grande. Até chorei hoje por isso, foi a primeira vez que me deixei chorar por saudade de você desde muito tempo. Esqueci-me que tinha pedido China In Box e abri a porta para receber meu delivery com os olhos inchados e claro que o vizinho resolveu aparecer no corredor com sua esposa nesse momento: ali estava eu com meus olhos inchados e vermelhos, mostrando minha saudade por meio de lágrimas ao mundo. O orgulho que eu tinha juntado até então se esvaiu ali, na porta da minha casa.
Não sei de onde tirei essa saudade depois de tanto tempo. Pego meu remédio para passar na sobrancelha, aquele que você foi buscar comigo no nosso primeiro almoço, e me lembro de você. Lembro-me do ano passado, lembro-me do quanto fui feliz apesar de todos os apesares. E eu nem quero voltar a ser prisioneira de um sentimento - lindo e infinito. Só sinto saudade. Saudade sem fundamento, sem prospecções futuras, só saudade. Vejo um vestido e saudade, leio um texto antigo e saudade, vejo uma série na tv e mais saudade, vejo chocolate quente e mais uma dose de saudade, saudade, saudade, saudade.
Vezenquando surge um impulso enorme, quase pego o telefone antigo pra procurar seu número e discá-lo e ouvir sua voz do outro lado da linha e te contar sobre minha apresentação de ballet, sobre meus 3 quilos a mais, sobre o casamento em que vou ser madrinha e todos os detalhes que isso envolveu, sobre meu desânimo com esse tempo chuvoso, sobre meu clube de leitura e sobre o livro maravilhoso que li, sobre o whey novo que comprei, de chocolate, que fica parecendo milk shake quando bato com leite de soja light, sobre os lugares que conheci, as comidas que comi. Eu acho que eu sinto falta disso, de poder te ligar (tá, eu nem fazia isso antes, mas acho que agora, sem expectativas e pretensões, ficaria mais fácil e leve fazer esse tipo de coisa) e te falar 2 dúzias de banalidades e ouvir a sua meia dúzia delas.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Mantra

Venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha, venha...

Inferno astral? Não, obrigada.

Os dias passam rápido e também demoram demais. O coração está tranquilo, cheio de um vazio disfarçado de paz. Parece que não sentir e ter o coração relativamente vazio é paz. Desculpe-me, inventor desse tipo de paz, mas, se for assim, se ela for mesmo esse vazio, não quero ter paz não. Sim, é arriscado fazer esse tipo de afirmação, mas eu tenho mesmo afinidade com o perigo. Estou pulando do penhasco o tempo todo sem saber o que tem lá embaixo.
Eu poderia gritar agora mesmo, fazer uma ligação e falar as 735 palavras que estão presas na minha garganta, que poderiam ser resumidas em apenas 5. Mas dizer as 5 ou as 735 não faz diferença, então opto pelo silêncio falsificado, pelo distanciamento fingido e pelo desgostar gostado.
Hoje eu não faço sentido nenhum, hoje eu sou aspas sem ponto final, hoje eu sou aspas abertas que não se fecharam, hoje eu sou citação inacabada e é assim mesmo, não quero ter fim.
Vou afobada até o figurante dessa novela, grito, esperneio, torno importante o que nenhuma importância tem. Quem sabe assim não vai se tornando importante, importante, importante até que o que realmente importa passe a não importar mais.
Depois vou lá e desfaço tudo o que fiz. Vai-e-vem-vem-e-vai. Enquanto, do lado de fora, tudo é calmo e sereno. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Um drama sem razão de ser

De vez em quando a vida faz um pouco de cócegas no coração da gente, mas só de vez em quando. Esbarrei, num dia qualquer, com alguém que conseguiu dar uma sacudida no meu coração. Não foi nada de mais, não foi nada grande, muito menos concreto, mas eu senti uma emoção diferente. Daquelas pessoas que tocam a gente. Vale destacar que em tempos em que o coração não sente nada, uma pitadinha de emoção já é algo grandioso. 
Pra mim, todo mundo andava desinteressante e pra ele também. Mas nos interessamos mutuamente, mesmo sem saber porquê, só sabíamos que era consenso. Não vou te deixar no meio da rua, Renata. Agora você já pode dizer que comeu Pizza Guanabara. Esta é a pizza mais famosa da cidade. Eu gostei de você. Eu também gostei de você. Estou com sono, vou embora. Ligue pra mim. Não dá, vou ao Uruguai amanhã e você vai embora. Ligue assim mesmo, a gente pega um avião e se encontra. Aqui, este é o meu número. Você tem facebook? Tenho, mas não consigo mexer com o celular agora, estou tonta. Então virei as costas e fui embora, andando em direção ao hotel, que eu já nem sabia onde ficava depois de tantas doses de caipiroskas e ices. Renata, ele chamou. Eu não virei. Ele só precisava dizer que me ligaria, ele não disse.
Depois desejei que ele me ligasse.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Da série coisas que eu queria perguntar, mas não vou

"Tenho vontade de perguntar baixinho: você não gosta nem um pouquinho de mim? Nem sequer um tiquinho? Olha só: eu tenho os dedinhos do pé bem estranhos. Eles não são absurdamente merecedores de amor?" 
Tati Bernardi.

Enquanto uns se privam, eu me jogo

‎"Eu sei que nunca mais encontrarei nada nem ninguém que me inspire uma paixão. Você sabe, não é tarefa fácil amar alguém. É preciso ter uma energia, uma generosidade, uma cegueira... Há até um momento, bem no início, em que é preciso saltar por cima de um precipício: se refletimos, não o fazemos. Sei que nunca mais saltarei."

Sim, o amor é tarefa árdua e difícil, mas, quanto a mim, saltaria mais 100 vezes ou quantas fossem necessárias. Porque não nasci para esse morno, para esperar que algo aconteça.
Sinto-me na fila do Insano, após o primeiro salto, com aquela ansiedade enorme pelo segundo, enquanto aguardo a minha vez de pular. A espera faz parte, é um momento necessário, mesmo que não haja fila, você precisa subir todos aqueles degraus daquela escada enorme. E essa subida cansa, é chata, sem emoção. Não nasci para esperas, mas preciso aprender a passar por elas. Quero, também, aprender a gostar do processo de subida, quero ir apreciando a paisagem, quero curtir todos os agoras - o pulo, a descida, a subida.
Enquanto aguardo meu próximo salto, fico aqui, de cima, apreciando a vista linda da cidade. Daqui a pouco chega a minha vez de pular... Porque a minha vida eu decidi viver com emoção!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Uma história colorida


Assim que entrei naquela lancha, tendo como cenário um sol lindo de Salvador, que comecei a reparar nele (e nos outros garotos). Sim, eu faço pré análises de carinhas com quem posso me envolver num futuro provável. Eu analisei os 3 garotos e em 5 minutos eu já o havia escolhido entre eles.
Eu já o havia conhecido há uns 2 meses, num Bailinho, em Brasília, mas acho que só trocamos aqueles 3 beijinhos típicos e nem demos atenção um ao outro. Naquela época eu não tinha atenção pra dar a ninguém. Entretanto, ali, em Salvador, quando parei para fazer a minha análise, ele me chamou muito a atenção. É praticamente impossível encontrar alguém que se encaixe na maioria dos meus itens de pré-requisitos para candidatos a provável envolvimento. Ele se encaixou na maioria deles em uma tarde e depois, à noite, conseguiu praticamente se encaixar em toda a minha lista e, por incrível que pareça, conseguiu ser mais interessante que o falecido. Eu poderia ter me apaixonado por ele só por este último motivo. Talvez ele tenha colaborado muito para a minha libertação pessoal.
Eu passei a tarde toda “na minha”, eu nem quis fazer charme, eu nem quis “conquistar” ninguém. E, por mais que eu o tenha elegido como candidato, eu só queria me divertir com pessoas agradáveis. Tanto não me preocupei em manter a beleza, que fui logo pulando no mar. As meninas não quiseram pra não estragar o cabelo, mas eu vi aquele mar lindo, com aquele sol escaldante, em frente à ilha de Itaparica e não me lembrei de cabelo nenhum, apenas pulei, sozinha e nadei. Por causa desse mergulho fiquei com o cabelo desgrenhado durante o restante do dia, mas não me importei. Todos decidiram ir à praia de bote e eu fui nadando e ele veio comigo. Trocamos algumas palavras durante o trajeto. Mais um ponto pra ele.
Depois eu paguei o maior vexa de todos: enquanto comia o peixe, um espinho enorme perfurou minha gengiva e minha amiga teve que fazer uma “mini-cirurgia” pra tirá-lo de lá. Eu, com o cabelo todo desgrenhado, estava na frente dele com a boca arreganhada enquanto minha amiga extraía o espinho.
Depois de todo esse incidente, ele ainda me desafiou a virar uma dose de um conhaque muito ruim (e depois eu descobri que era tudo com segundas intenções). Desafio proposto, desafio cumprido. Acho que ganhei um ponto com ele dessa vez.
Já de volta à lancha, o sol havia se posto e, sob a luz do luar, o pessoal perguntou se eu gostava do jeito Tony Stark dele, eu respondi que sim e fiquei corada, foi a deixa pra todo mundo sair. Ele se dirigiu a mim em terceira pessoa (com aquele sotaque que eu adoro), disse que havia gostado da garota, mas que qualquer passo adiante dependeria dela. Eu disse que, se a garota fosse eu e se tudo dependesse de mim, poderíamos dar vários passos em frente. Então ele encostou seus lábios quentes e salgados nos meus. Foi um beijo salgado com um significado doce pra mim.
Ele ganhou mais um ponto comigo quando me ligou, enquanto eu lanchava no Mc Donald's com minhas amigas e eu pedi que ele nos buscasse lá e ele disse que estava sem carro, mas me buscaria porque faria tudo o que eu pedisse (eu sei que garotos falam essas coisas pra impressionar a garota, mas eu quis deixar minha marra de lado e me colocar no papel da garota que se encanta com esse tipo de coisa, afinal eu estava em Salvador, vivendo um romance de um dia).
O próximo ponto (ele já deve ter ganhado de goleada esse jogo com tantos gols) ele conseguiu quando entramos no carro dele e a primeira coisa que ele fez foi tirar o calçado, dizendo que gosta de ficar descalço. Eu gosto quando revelam peculiaridades a mim, eu gosto de saber essas pequenezas sobre a vida de alguém com propensão a se tornar, pelo menos, um pouquinho especial.
E ele deve ter feito uns 5 pontos juntos quando me deixou uma mensagem privada na rede social, dizendo que eu salvei o fim de semana trágico dele.
Desde então sinto saudades e tento não ficar ansiosa com o fato de que, provavelmente, nos encontraremos em alguns dias. Eu quero fingir que isso nem é importante pra mim, eu queria não lembrar que ele vai buscar as coisas que esqueci no apartamento e que vai trazê-las pra mim, eu fico o tempo todo pensando que é apenas uma gentileza de quem vem a trabalho e, por coincidência, far-me-á uma entrega, tipo correio.
Talvez eu tenha enfeitado a realidade e é isso o que eu faço, mas é, justamente, porque essa história me inspirou que consegui colori-la. Eu não pulei ainda, eu nem sei se vou pular, mas, enquanto isso, eu fico colorindo a realidade daqui...

"Que seja doce"

Salomão disse que há tempo para tudo debaixo do sol. Tenho pensado no meu tempo de agora: minha alma anda silenciosa e fugidia. Não sei ao certo o que isso significa, acho que ela ainda tem medo - medo de ser feliz, acreditam? Tenho andado tão feliz e leve de preocupações maiores (porque sempre temos preocupações pequeninas no dia a dia), que fico inventando motivos pra me preocupar. A felicidade e a leveza de espírito assustam pessoas que já tiveram a alma dilacerada. Eu tinha me acostumado ao sofrimento, vejam só. Eu quis ser uma mártir da minha própria existência. Quanto drama habita dentro de mim. E, parafraseando Salomão novamente, tudo isso é correr atrás do vento.
Dia desses me peguei analisando meus sentimentos e minha atual propensão a estar apaixonada. Pensei comigo mesma em cada sinal que me fazia pensar que, talvez, eu pudesse estar me apaixonando novamente (ai, que medo. Apaixonar-se ainda é bom, mas e se isso virar amor? Creeedo, que preguiça do sofrimento que associei a esta palavra). Depois pensei que, se eu estava me apaixonando novamente, talvez eu não tivesse forças suficientes para enfrentar o fim do amor que não fluiu e que passou sozinha e estivesse querendo preencher o espaço em branco com outra paixão. Já estava prestes a me podar, quando minha psicóloga me disse: Deixe a vida fluir, menina. Deixe a vida acontecer. Você não foi atrás de uma paixão, ela veio até você. Não procure a infelicidade só porque está tudo bem. Aprenda a lidar com o tudo-bem.
Fiquei zen depois disso, soltei as rédeas, respirei fundo e deixei ser, deixei estar. Não me jogo na situação e nem recuo. Estou aqui sendo. Sendo ou não sendo..."que seja doce".

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A beleza existente na coragem, que vence o medo


A primavera chegou adiantada aqui, em minha vida. Veio sutil e inesperadamente ao meu encontro, envolveu-me de um jeito lindo e florido e sorridente!
Quando percebi, havia me esquecido de como era ser triste e chorar de infelicidade. Meus músculos faciais estão hipertrofiados de tanto sorrir, tudo é motivo pra sorrir: sorrio para as paredes branquinhas ao meu redor, sorrio para o sol quente e escaldante, sorrio para as criancinhas que encontro nas ruas, sorrio, sorrio, sorrio.
A vida está boa, linda, fácil, leve, aconchegante e surpreendente! E eu descobri que sou mesmo uma believer, uma eterna believer, uma believer incurável. Tive o coração despedaçado e pensei que isso pudesse afetar a minha capacidade de acreditar, de dar a cara a tapa, de disponibilizar-me inteira em prol dos meus sentimentos, em prol daquilo em que acredito. Não, não me afetou. Cá estou eu acreditando de novo, cá estou eu deixando meu coração livre para voar pra onde ele quiser, cá estou eu parada nos cantos, suspirando, cá estou eu fazendo planos, cá estou eu disponível, acessível para o novo que a vida me deu.
Claro que, vezenquando, o medo bate na porta do meu coração, mas estou com os pezinhos bem estacionados no chão, estou me proibindo de colorir a realidade com cores inexistentes, não quero enxergar além da realidade, tenho lidado com o real. Vamos ver onde isso vai dar!
Bem vinda de volta, Renata Cristina Silva Leonel! Não sei se com ou sem Kilikina, não sei se com ou sem romantismo exagerado, não sei se com ou sem vontade de amar grande demais, não sei. Bem vinda, Remi e seja livre para sentir e viver o que tiver vontade de!!!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

domingo, 4 de setembro de 2011

Comendo, comendo e comendo ou The end of an era


Decidi fazer a Elizabeth Gilbert em “Comer, rezar e amar”, tirando a parte do rezar e amar e vim a São Paulo passar uns dias distante da minha rotina e sozinha. Gosto de provar a minha independência a mim mesma. Peguei dicas com os amigos e fiz um roteiro de viagem. Acabei encontrando pessoas conhecidas por aqui, mas estou só em uma cidade que não conheço.
Tenho comido muito. Acho que, ao conhecer uma cidade nova, a culinária é essencial! Hoje fui ao Oscar Café porque me disseram que o pão de queijo de lá era o melhor do mundo. Claro que pensei que fosse exagero, mas decidi ir lá conferir. Acabei pedindo um prato de almoço e nem dei muita importância ao pão de queijo, entretanto, por desencargo de consciência, pedi um para viagem. Andei pela cidade, fiz compras, tomei cafés, derramei café no taxi (e o taxista quase me bateu e eu quase chorei – porque não sei brigar, só sei chorar quando me ofendem) e somente quando cheguei ao hotel decidi experimentar meu pão de queijo frio e era o melhor do mundo mesmo, até acabei decidindo voltar ao café à noite para experimentá-lo quentinho e com café!
Ando pelas ruas desconhecidas e sou também uma desconhecida. Respiro fundo, observo cada mínimo detalhe como que querendo guardar dentro de mim as coisas que vejo, como que querendo desvendar os mistérios escondidos atrás dos pequenos detalhes. Pessoas sorrindo, pessoas correndo, pessoas preocupadas, cachorros, árvores, restaurantes. Há tanta vida acontecendo, há tanta gente no mundo. Estou na fase de me preparar para as próximas surpresas da vida pra mim, porque sempre a vida está me surpreendendo, me mostrando novos caminhos, novas escolhas. E eu decidi fechar, de vez, a porta do caminho que estava seguindo, decidi que é hora de novos caminhos, escolhi a felicidade, a leveza, escolhi a vida que eu mereço. E tenho sido feliz, sabe? E nada aconteceu, nada mudou por fora, mudou aqui dentro, o meu jeito de ver o mundo, de percebê-lo. Agora, quando a tristeza vem, eu a mando embora, eu tomo um café quente para espantá-la. E viver está tão gostoso, tão agradável! A vida está se colorindo aos poucos, a vida está girando e novas coisas estão surgindo. É bom assim.  

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Descuidei da minha dor e até consegui ser feliz

Hoje foi o Dinho quem falou comigo e me fez sorrir, cantarolar algumas músicas e dar uns pulinhos em cima de um salto alto. Deu até pra ser feliz... Olha o que ele me disse:


"Nem tudo é como você quer
Nem tudo pode ser perfeito
Pode ser fácil se você
Ver o mundo de outro jeito
Se o que é errado ficou certo
As coisas são como elas são
Se a inteligência ficou cega
De tanta informação
Se não faz sentido, discorde comigo
Não é nada demais, são águas passadas
Escolha uma estrada
E não olhe, não olhe pra trás
Você quer encontrar a solução
Sem ter nenhum problema
Insistir em se preocupar demais
Cada escolha é um dilema
Como sempre estou
Mais do seu lado que você
Siga em frente em linha reta
E não procure o que perder
Se não faz sentido, discorde comigo
Não é nada demais, são águas passadas
Escolha uma estrada
E não olhe, não olhe pra trás"

Diário de um coração devastado

Quando a sua dor é tão profunda que você precisa gastar tanta energia sorrindo e dizendo bons dias e mantendo sua coluna ereta que tudo o que você consegue fazer quando chega em casa é dormir e dormir e dormir. As pessoas dizem que você está com a aparência cansada. E é bem isso mesmo. Viver o seu cotidiano, a sua rotina suga todas as forças que você já nem tem mais. Viver se tornou essa coisa demorada e cansativa e você está, simplesmente, exausta.

Gabito Nunes, mas poderia ser eu

"A má notícia é que, a julgar pelo meu entusiasmo nos últimos dias, morri. Até já decidi minha lápide - "Viveu lutando pelo amor e as sensações que valem a pena ser vividas. Fracassou miseravelmente." - O que você acha? Nem tô, na verdade. Me deixem."



quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Não-querido agosto,

Nossa relação sempre foi meio complicada, mas você conseguiu me surpreender este ano. Você me machucou, devastou meu coração, me trouxe um trauma e uma ferida enormes na alma. Entretanto, eu gostaria de te agradecer, na medida em que me mostrou coisas que, antes, eu não tinha visto, coisas duras, tristes, desencantadoras. E é esse desencanto que me faz abandonar aquilo que, antes, era inabandonável. Ficou fácil ir embora e me desapegar daquilo que me causa repulsa, ojeriza. Começou com um vômito real e acabou com um vômito sentimental.
Não, não me arrependo de ser quem sou, tão aberta, tão transparente, tão entregue, tão inteira em tudo que me proponho a fazer, por mais que tenha sido absolutamente instável. Junto meus pedaços e vou me reconstruir, vou continuar acreditando por mais que tenha vontade de desacreditar pra sempre. Não posso permitir que a feiúra da alma de alguém me faça desacreditar na beleza da vida e na capacidade de recuperação, reconstrução, renovação.
Fico triste por desperdiçar a beleza da minha alma com um pacote bonito que envolvia um conteúdo de caráter duvidoso. Mas não tem revolta não. Eu sou forte, eu continuo, uma hora essa ferida se fecha, cicatriza e sorrir não exigirá tanto esforço de minha parte.
Tchau, agosto. Não volte mais.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Caio Fernando Abreu

"Fico pensando depois, enquanto o telefone toca e não atendo, que, se existe alguma forma de modificar o mundo e as organizações sociais repressoras dentro dele, talvez seja a dos poetas, uma das mais eficientes, quando abrem o coração para, devagar e sofregamente, mostrar aos outros tudo o que se passa dentro deles. É nesse momento que conceitos como moral, certo, errado, bem ou mal deixam de ter sentido. Fica no final de tudo só a vida que flui e reflui sem nome, imensa. Porque nada do que possa se passar no coração humano é vergonhoso. Nada é impuro quando acontece aquele atrevimento mágico de transformar a vida em arte."




terça-feira, 23 de agosto de 2011

Diário de uma chorona

Hoje chorei no meio de uma série de leg press. Agora meus olhos têm a mania de ficarem embaçados enquanto converso com alguém, qualquer que seja a conversa. Choro enquanto dirijo e enquanto tomo banho, ah, entro debaixo do chuveiro e choro copiosamente às 7 da manhã. Choro porque lembro a história que não vou mais viver, lembro a pessoa que não mais vai fazer parte da minha vida, não vou mais poder mandar e-mails onde arregaço meu coração e o ofereço numa bandeja, não vou mais conversar durante horas ao telefone, inventando assuntos bobos só pra continuar ouvindo a voz que soa como música clássica aos meus ouvidos. Eu choro porque acabou, porque eu decidi enterrar essa história. Coloquei-a num caixão, velei-a, enterrei-a. Agora sobrou um vazio enorme, uma falta de sentido absurda e uma gigantesca falta de interesse em tudo o mais, que perdeu a cor. Acordo, vou à academia, vou ao trabalho, estudo, vou ao ballet, vou ao mercado, eu vivo, o mundo vive, o sol continua no lugar dele as always, mas vai demorar um tempinho para que tudo volte a ter vida pra mim. Enquanto isso vou gastando minhas lágrimas pelos cantos até que elas acabem. Chorar essa história é a coisa mais digna que já fiz em toda a minha vida porque foram os momentos mais maravilhosos dos meus 26 anos de vida e eles chegaram ao fim.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

That's it

Ciclos se acabam, etapas se encerram, páginas são viradas. A vida é assim, mas eu tenho uma enorme dificuldade em deixar aquilo lá atrás, deixar irem embora e ir embora também. Talvez seja a hora de aprender isso de vez. Criar vergonha na cara e enxergar o verdadeiro significado dos silêncios que a vida me dá, entender que a falta de resposta é uma resposta em si. A realidade é dura vezenquando, é isso mesmo, Renata, não há fantasias não, não há realidade bonita escondida por trás de esquivas e empurrões, não há corações amolecidos escondidos por trás de uma parede de ferro. O que existe é isso mesmo que você está vendo, não adianta amaciar a realidade. 
Então sigo acreditando na letra daquela música: "há tantas pessoas especiais", uma hora eu encontro a minha.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Os meus encontros

É fim de tarde de uma sexta-feira corriqueira, há um sentimento diferente pairando no ar, sento-me com a Dona Distância para o chá da tarde e a pergunto quantas vezes mais precisarei cumprir essa minha obrigação social com ela. Não há respostas, fica subentendido um pra sempre; eu me calo, então.
Há tempos não encontro o sr. Desespero, acho que nossa amizade acabou-se de vez. Fico feliz. Isso deve ser um trabalho da sra. Maturidade. Não somos tão íntimas, mas tenho um contrato com ela, nossa relação é estritamente profissional.
Vezenquando, em alguns momentos do meu dia, quem me visita é minha querida amiga Felicidade, ela é leve e sempre chega com a dona Lembrança e a dona Memória, as duas me levam para um passeio até a casa do sr. Sonho, lá fazemos planos e projetos para o meu futuro, é tudo muito lindo. Então, quando estou voltando pra casa, encontro a dona Saudade, que me faz companhia durante o caminho, sorrimos e choramos juntas com um olhar meio perdido em direção ao horizonte.
Tenho andado com o coração na mão, segurando-o com todo o cuidado do mundo, com medo de quebrá-lo. Ando em passos pequenos e lentos e cuidadosos. Ando. Prossigo. Sigo.
Espero que a dona Distância tire umas férias grandes, é que ando te querendo tanto e com tanta intensidade. Seria bom você aqui.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Não tenha medo

"Não tenha medo deste texto. Não tenha medo da quantidade absurda de carinho que eu quero te fazer. Nem de eu ser assim e falar tudo na lata. Nem de eu não fazer charme quando simplesmente não tem como fazer. Nem de eu te beijar como se a gente tivesse acabado de descobrir o beijo. Nem de eu ter ido dormir com dor na alma o fim de semana inteiro por não saber o quanto posso te tocar. Não tenha medo de eu ser assim tão agora. Nem desse meu agora ser do tamanho do mundo."


Tati Bernardi

A vida

Frágil, exaurível, esgotável; a vida às vezes me assusta. Fico tão imersa no meu mundinho rotineiro que, às vezes, esqueço o essencial: as pessoas. A gente passa a vida correndo, produzindo, fazendo, apressados atrás de alguma coisa que nunca vai ter fim, inquietos. Isso é correr atrás do vento, como concluiu Salomão. Esquecemos os pequenos detalhes que fazem toda a diferença na vida: um olhar mais atento, um abraço mais demorado, uma palavra de carinho, um derramar de coração, um deixar-se frágil diante do outro.
Hoje acordei com a notícia do fim de uma vida e eu não sei lidar com o fim da vida de alguém. Hoje filhos perderam uma mãe, uma mãe perdeu uma filha, netos perderam uma avó; mas o mundo continua rodando, girando, correndo; o mundo não parou para sentir a dor dessas pessoas.
Que as nossas atividades rotineiras não dos deixem tão imersos a ponto de não nos permitir passarmos mais tempo com quem amamos, dedicarmos mais atenção e carinho a essas pessoas porque a vida é frágil e pode, simplesmente, acabar.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Deixe-me continuar te amando

Antes eu via aquele sentimento gritando dentro de mim, esperneando, querendo sair pelos meus poros para te encontrar e eu pensava, de vez em quando, que aquilo era tão intenso e que, talvez, com o passar do tempo, ele iria embora, estancaria, se extinguiria. Não, não passou. Olho pra trás e vejo tantos altos e baixos que o nosso amor enfrentou. E, sei lá, dê o nome que quiser a esse aperto no peito que sentimos quando estamos juntos, abraçados, revelando medrosamente um pouco dos mistérios do nosso coração um ao outro. Eu sei que você também sente. E, por algum motivo que desconheço, esse tal sentimento forte conseguiu amassar seu homem de ferro por dentro e colocar um coração de carne lá, o ferro só ficou por fora, eu sei, eu vejo, eu sinto.
Dá medo, eu sei, dá um medo-filho-da-puta olhar pro mundo inteiro e saber que somente uma pessoa consegue tocar o seu coração do jeito que tocamos o coração um do outro.
O meu coração investiu tudo o que tinha em você e não sobrou mais espaço pra ninguém, você o ocupa por inteiro e o restante do mundo conseguiu ficar tão sem graça, tão sem cor, tão feio, tão bobo, tão fraco, tão esmilinguido.
A razão correu pra longe da gente e eu tenho medo de ser mais uma louca de pedra dessas suas ex mulheres que te amam desde sempre e para sempre, eu morro de medo de ser mais uma idiota que te ama e que massageia seu ego. E o meu ego me diz que eu não sou, mas o ego de todo mundo puxa a sardinha pro seu lado.
Eu tenho medo, eu tenho muito medo, mas quem disse que o amor dá ouvidos ao medo? Ele continua crescendo, ele continua me desnorteando, ele continua mandando a razão embora, ele continua se hipertrofiando no meu corpo, ele continua me inchando. Eu te amo tanto que não está mais cabendo em mim, eu preciso colocar pra fora, eu preciso falar, eu preciso jogar meu amor em cima de você. Deixe-me te amar?

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sobre nós

"Escuta, de uma vez, eu poderia dizer que voltamos à estaca zero, mas esta foi cravada no dia que a gente se encontrou. Depois de tirar um pouco os pés do chão, caímos juntos e abraçados num poço escuro e vazio e sem fim. Agora estamos no negativo, a gente simplesmente deve algo um pro outro. E nem vem, não adianta, quem ama o difícil, muito fácil lhe parece. Sei da sua indolência, mas quero tentar mesmo assim, porque já não dá mais pra passar um dia sem que minha história conte um pouco da sua. Cada vez que eu for até sua boca, é um degrau de subida, a gente já foi fundo, fundo demais, não há mais como cair. De agora em diante, o maior risco que a gente corre é ser feliz."

Gabito Nunes

Um amor inventado

Ela era só uma menina perdida e cheia de bagunça na alma. Ele era o homem de ferro. Eles se encontraram numa dessas brincadeiras irônicas do senhor destino e, desde então, nunca mais conseguiram ir embora um do outro. O que eles têm não tem nome, não tem definição, não tem rótulo, não tem peso, não tem obrigação, não segue as normas básicas da vida de quem se apaixona, namora, noiva, casa e tem filhos. O que eles têm é muito maior que isso, é tão maior que não se encaixa nesse ciclo cotidiano da vida. O que eles têm foi inventado por eles mesmos. Por isso, quando alguém pergunta, não se sabe explicar, ninguém entende, só eles. Quando a vida é tão bondosa com duas pessoas e planeja um encontro tão avassalador de duas almas tão conectáveis assim como a deles o que se tem a fazer é entrar no rio e deixar a correnteza levar. Não há distância, não há tempo, não há padronização, não há. É um amor inventado.

domingo, 24 de julho de 2011

Tchau, za za zu!

Eu perdi aquele za za zu. Estava ali em minhas mãos e, de repente, foi-se esvaindo por entre os meus dedos. Eu aceito, resignada, esta perda. É isto o que a vida tem para me dar agora. Então tá bom, quer dizer, não tá bom não, mas eu aceito. Não há mais palavras a serem ditas, não há mais atitudes a serem tomadas, não há mais nada. Acabou. Fica aquele frio doído dentro de mim, frio na alma, que cobertor nenhum é capaz de aquecer, e uma revirada no estômago e uma vontade enorme de me encolher num canto qualquer e não ser notada por mais ninguém, ser ali esquecida...
Então, ao fim de tudo isso, eu me pergunto se ainda existe o milagre da ressurreição. Não sabendo responder a minha pergunta, junto tudo o que sinto, engulo e vou andando, com esperança de ainda encontrar o za za zu. Eu gosto tanto do za za zu.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Sobre a dona esperança

Esperança: Disposição do espírito que induz a esperar que uma coisa se há de realizar ou suceder. Expectativa. Coisa que se espera. Confiança.
Nasci com essa palavra arraigada em mim. Espero coisas da vida, espero coisas de mim, espero coisas de quem eu amo. Sou uma esperançosa. Olho pra um deserto e vejo árvores frondosas e frutíferas e mananciais. Olho pra você, que me parece tão seco e distante e desgostoso de mim, e vejo tanto amor escondido em suas pequeninas atitudes. Idiotice da minha parte talvez. Burrice também. Mas acredito em um nós que parece tão improvável e impossível, e, pra mim, é tão, tão real, tão palpável, tão verdadeiro, tão do jeito exato que eu sempre quis que tudo acontecesse em minha vida. Sempre fui uma pessoa intuitiva e, muitas vezes, a tal da intuição falhou, mas, quando ela funcionou, me proporcionou os melhores acontecimentos da minha vida. Morro de medo, sim, de investir tudo o que tenho em algo incerto (o que é certo nessa vida? Só a morte. Talvez nem ela), mas tenho mais medo ainda de não investir tudo o que tenho no que eu acredito. É assustador verbalizar esses processos mentais que deveriam permanecer eternamente escondidos nos quartos escuros de dentro de mim. Eu sou mesmo assustadora. Eu sou.
Existe um manual de sobrevivência nessa selva em que vivemos chamada mundo em que não devemos criar expectativas em relação ao outro, não devemos acreditar nas pessoas, não devemos esperar atitudes muito grandes, nem pequenas, isso tudo para não nos decepcionar depois, não nos machucar. Acho tão estranho planejar nossas atitudes em prol de não nos machucarmos. O bobo disso é que todo mundo acaba se machucando no final. Machucar-se faz parte do processo de vez em quando. Não dá pra viver ferido, mas, quando isso acontecer, devemos perceber o que essas futuras cicatrizes estão querendo nos dizer e seguir, continuar, depois o machucado vira casquinha, depois ele some, desaparece ou vira cicatriz. E a gente continua. Eu não planejo minhas atitudes com o objetivo de não me machucar, antes as baseio no que me fará viver mais intensamente, sentir mais intensamente. Se corro o risco de sofrer muito é porque também corro o risco de ser muito feliz e eu enfrento os riscos. Estamos neste mundo pra isso.
Neste deserto de você em que me encontro, eu alimento esperanças de um jardim muito florido cheio de jasmins, aguardo sentada na areia seca. Espero.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Agora e tudo!

Está ali, pertinho de mim, um pouco mais à frente, mas, para chegar lá, preciso matar muitos leões. Então é isso, estou matando leões, correndo contra o tempo, com o coração acelerado, ligada na tomada. Não dá mais tempo de ser mimada, infantil e dengosa, não dá tempo de pensar na palavra descanso, não dá tempo. 
Comigo é agora ou nunca, é tudo ou nada e eu escolhi o agora e o tudo, tudo, tudo.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Analisando o inanalisável

Andei fazendo umas análises de mim mesma. Tá bom, confesso que minha mente não para e eu faço sempre análises de mim mesma. E eu percebi que tenho essa mania de me apaixonar por caras indisponíveis emocionalmente. Talvez eu queira ser um tipo de heroína que tenta fazer com que o rapaz, por mim e para mim, passe a disponibilizar seu emocional. Eu sei, tá errado isso. Eu sei, mas não sei sair dessa situação. 
Eu gosto da espera, do desenvolvimento, da história acontecendo, do desabrochar dos sentimentos, dos dramas  emocionais, da dúvida, mas, um dia, e talvez esse dia já tenha chegado, eu queria chegar lá, sabe? Ter certeza (mesmo que com um pouquinho de dúvida), calmaria, aconchego, saber que, por mais que estejamos distantes, aqueles braços só querem envolver a mim.
Eu percebi que quem é inconstante não sou eu, é ele. Um dia fala de um jeito que me dá certeza absoluta de que é só a mim que ele quer, no outro finge que a minha existência se compara a uma formiga qualquer que, por acaso, entrou no pote de açúcar de sua cozinha - insignificante. Então o que me mata é essa insegurança de nunca ter certeza se ele realmente sente o que ele já me disse que sente por mim. De um jeito ou de outro, ele também sempre volta, quando nosso cordão umbilical está para se romper, ele surge do inesperado me dizendo um ok que ele finge não entender direito, mas que eu sei exatamente o que quer dizer.
De vez em quando, ele tem 12 anos de idade, então eu tento ser paciente e o espero crescer. Noutras vezes a adolescente emocional sou eu. Somos dois bobos, brincando de sentir e des-sentir como se pudéssemos controlar o incontrolável. 
Já tentei entender, já fiquei sem entender nada, já entendi tudo. Agora eu deixo o vento levar, acreditando na força do que tem que ser, tanto para um lado, quanto para o outro.
O sentimento não acaba nunca, está aqui, firme e forte, saudável e corado. Vamos aguardando os próximos capítulos da novela.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Acorde, garota!

"Acorde, garota! Você é linda, inteligente, tem um ótimo perfume e seus olhos brilham mais que um punhado de purpurina. Por que chora? Perdeu em alguma esquina seu encanto?! Ninguém pode tirar de você seu mais belo sorriso, motivo de idas e vindas saltitantes. Coloque sua música favorita para tocar, respire fundo e faça o que de melhor sabe fazer: ser você."

Caio Fernando

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Equilíbrio dinâmico

Não sou e acredito que nunca serei uma pessoa estável, que reage tranquilamente à vida, às emoções. Sou um turbilhão, um vulcão em erupção. Contudo, estou feliz porque tenho aprendido a enfrentar minha montanha russa emocional, não tenho medo dela, enfrento-a, sinto-a. 
A gente vai aprendendo que não é porque, de repente, uma forte insegurança se apoderou de nós que vamos parar a vida e espernear, a gente vai aprendendo que, quando isso acontece, a gente deve olhar pra insegurança e falar: "olha só, querida, não estou querendo ser uma péssima anfitriã, mas agora tenho que estudar, trabalhar, treinar musculação, fazer minhas unhas no salão, fazer minha aula de ballet, ir à aula de espanhol e olha que sou apenas uma pessoa, então, sinta-se à vontade, mas não vou parar minha vida pra fazer sala pra você, vou continuar minha rotina". Acontece que uma hora a dona insegurança resolve ir embora porque você não dá atenção a ela.
Parar a vida pra espernear e chorar até que tudo se resolva (ou nada se resolva) é coisa de gente mimada e eu estou descobrindo, somente agora, os prejuízos desse status. 
E assim vou vivendo, aprendendo quem sou eu e como posso reagir positivamente a uma característica pessoal minha. Acho que o nome disso é amadurecer, mas confesso não gostar muito dessa palavra, mesmo que, uma hora, ela, simplesmente, chegue à sua vida. E fica for good.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Reabrindo a janela da minha alma

Eu quis fechar a minha janela da alma, até cheguei a trancar a porta dela e fui embora. Tola, pensei que, talvez, pudesse conseguir ser outra coisa que não isso o que sou. Peguei um jeito de ser emprestado de outra pessoa, perguntei como funcionava e vesti aquelas roupas alheias em mim. Ficou tudo tão fake, tão inventado, tão irreal. Era cansaço, era estafa, era vontade de não acreditar mais.
Entretanto, não suportei a falta de um coração batendo no peito, não aguentei levar uma vida sem achar tudo mágico e belo e bonito, mesmo a tristeza. Fiquei em dúvida se tirava aquelas roupas, que também eram bonitas, mas que não combinavam comigo. Estava com saudades de me ser, me deu tanta saudade de mim.
E foi em meio a um turbilhão de incertezas que ouvi uma frase que fez todo o sentido e que tocou meu coração profundamente: "Renata, o mundo não precisa de uma cópia de outra pessoa, o mundo precisa de uma Renata. É assim, desse seu jeito, que todo mundo te ama. Volte a ser você".
Então, em meio a um café e uma conversa totalmente esclarecedora, eu percebi o quanto é bobo tentar fugir de si mesmo, o quanto é em vão. 
Dito isso, reabro a minha janela da alma, com minhas grandes e pequenas emoções, com minha transparência, com minha ânsia por dizer tudo-o-que-penso-e-sinto-neste-exato-momento-agora, com choros, com sorrisos, com pétalas de rosas brancas e com espinhos também. Seja bem vinda de volta, Renata!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Um dia...

"Um dia, eu vou entregar os pontos, abrir a mão, secar as lágrimas, deixar você ir. Um dia, eu vou sentir alívio em ver isso tudo chegar ao fim. Um dia, eu vou viver minha vida sem me sentir tão presa, tão estúpida, tão sozinha nessa relação. Um dia, eu vou achar que esse investimento não teve retorno e retirar o pouco que me restar dessas aplicações. Um dia, eu vou me convencer de que migalhas e restos não me interessam. Um dia, eu vou ter consciência do meu valor e vou me guardar para alguém que me queira amar também. Um dia, eu vou ser feliz e não vou gastar nenhum milésimo de segundo do meu dia pensando em como seria se fosse com você."


Thais Racnela



quinta-feira, 9 de junho de 2011

Eu e minha impulsividade

“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

Clarice Lispector

"Tudo que fala em mim de amor foi dito"

"Tudo de amor que existe em mim foi dado
Tudo que fala em mim de amor foi dito
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.

Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.

Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.
Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano."


Vinicius de Moraes

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A gente "cria" a expectativa com tanto carinho e amor e ela sem mais nem menos deixa a gente na mão. Ô ingratidão

Como é bom criar uma expectativa. Parece inevitável. Basta um sinal e lá vamos nós nos apegar aquela esperançazinha por menor que seja. Fazer planos com algo concreto é coisa para os medrosos, os atrevidos criam histórias com aquilo que não existe mesmo. Somos conduzidos pela nossa vontade e mais do que disposição é preciso muita coragem pra abraçar nossas loucuras. Não importa se o amor não vingou, se o emprego não rolou, se ficamos na vontade. Apostamos naquilo e ponto, mesmo que isso implique em uns tombinhos de vez em quando. Somos escravos dos nossos sonhos e por eles topamos qualquer desafio, corremos todos os riscos, inclusive o da frustração. Criamos expectativa porque acreditar é delicioso, e por mais que o chão seja um lugar mais seguro, nada como balançar os pezinhos láááá no alto. E quer saber... porque duvidar? Vai que um dia aquele plano decola mesmo. Aí não vai ser você o primeiro a atrapalhar por medo de altura, vai?!?


Fernanda Gaona

5 minutos depois

Até a minha raiva por você se transforma, 5 minutos depois, em amor. Eu não sei como isso foi acontecer e eu não sei onde isso vai parar...

Coisas que eu preciso dizer

Hoje eu estou triste e nem é pelos acontecimentos do dia (que foram até bem tristinhos). Estou triste porque estou carente, porque estou precisando da sua atenção, porque estou precisando do seu ombro, do seu abraço, do seu carinho. E precisar daquilo que não se pode ter, neste exato momento, é triste. Estou tão cansada de me doar e de você não se doar a mim.
Sua falta de atenção me fere a alma como se ela tivesse sido mordida por um cão feroz e raivoso. Machuca, sangra, faz-se uma ferida. Com você é tudo tão pela metade e metades me entristecem porque gosto de entregas inteiras de pessoas inteiras. Vou juntando os seus pedaços que você me dá: uma lasca de unha, um fio de cabelo, um pedaço do dedo. Junto todos os pedaços e não dá um membro completo, só partes desfiguradas de um todo.
Hoje eu estou triste porque eu acho que o seu sentimento por mim está se esvaindo e você, em vez de me dizer isso, afasta-se.
Hoje eu estou triste porque o seu afastamento e essa sua esquiva são eloquentes, querem me dizer algo que você não diz e eu não sei ler entrelinhas, muito menos as suas porque eu não te conheço bem.
O meu jeito de resolver as coisas não é o seu e eu tento me colocar no seu lugar, mas eu só consigo me ver desfavorecida nessa relação.
Hoje eu estou triste e só quero chorar.

O ballet poetisa a minha vida e a enche de sentido




Sobre inseguranças

"I had so many insecurities that stemmed from putting my faith into things that ended up breaking my heart".

Quereres

"I want you to want me the way I want you"...

domingo, 5 de junho de 2011

Um pouco da minha história de vida

Eu sempre tentei me acostumar com a ideia de que eu viveria pra sempre sozinha, no sentido de que nunca formaria um casal, sabe? Desde novinha, aos 14 anos de idade, eu dizia que não me casaria. Não sei se porque eu cresci em meio a um casamento completamente falido, não sei se porque eu realmente não tinha essa vontade, não sei. Eu não queria nem mesmo namorar.
Nessa idade, eu tinha um grande amigo, nós tínhamos o costume de nos abraçar por momentos que pareciam intermináveis, ele cantava pra mim e eu gostava de sentir o perfume dele. Nós éramos duas pessoas inocentes, curtindo um ao outro. Claro que chegou uma hora em que ele me pediu em namoro e eu, por não saber do que se tratava se apaixonar a ponto de querer namorar, achei que aquele grande carinho que eu sentia por ele e aquela vontade enorme de permanecer abraçada, ouvindo ele cantar ou aquela vontade de chegar em casa logo pra receber as ligações dele fosse paixão a ponto de querer namorar. Então começamos a namorar, mas, então, tudo ficou muito forçado, do tipo eu tenho que andar de mãos dadas com ele, eu tenho que sentar ao lado dele na igreja, eu tenho que ir ao cinema com ele, eu tenho que beijá-lo, eu tenho que dar mais atenção a ele que aos outros amigos. E eu não queria aquilo pra minha vida, aquela obrigação. Era legal quando tudo era espontâneo. Em umas 2 semanas de namoro eu já havia decidido que não queria mais namorar, mas não sabia como dizer isso pra ele porque, afinal, eu gostava muito dele, mas era só amizade o que eu queria e ele, não. Então dei o meu jeito bobo de quem não sabe enfrentar os problemas de frente de resolver o caso: eu estava de férias e viajei pra casa da minha avó e não voltei até o retorno das aulas na escola, não liguei, não dei sinal de vida, sumi. Depois de um tempo, ele me ligou, perguntando se eu, por acaso, não queria mais namorá-lo. Eu disse que não. Eu não queria ser má, eu só era uma menina acuada com medo das obrigações que a vida estava me impondo, talvez, eu só quisesse fugir daquele ter que. Nós convivíamos tanto na igreja quanto na escola e eu via, de longe, o sofrimento dele. Eu me afastei do meu melhor amigo e eu também sofri de longe, mas, por algum motivo, eu queria mesmo era me afastar daquela situação e eu, hoje em dia, me arrependo muito de ter feito tudo daquele jeito bobo e feio. Ele nunca deixou de ser meu amigo e eu o considero um dos meus melhores amigos, é ele quem sempre me salva quando meu coração está quebrado, ele não precisa dizer nada, ele só precisa estar presente.
Eu não era nada boa em expressar sentimentos, eu era muito fechada, desde que nasci. Ninguém sabia o que se passava dentro de mim. Eu não gostava de ser assim, mas era desse jeito que eu sabia ser.
Com o tempo, fui aprendendo, com meus amigos e amigas, que era legal abrir o coração, deixar as pessoas queridas saberem o que se passava dentro de mim. Mas não era uma atividade fácil, tudo aconteceu muito aos poucos.
Aos 18 anos, eu fiz uma outra amizade intensa com um garoto, amigo de um amigo. Foi tudo muito rápido, na segunda vez que eu o vi, ele já dirigiu meu carro e levou a mim e minhas amigas e amigos a uma festa de aniversário numa chácara. Ele era todo descolado, tinha um black power e usava uma faixinha de cabelo, tinha um casaco da colcci azul claro e um tênis adidas com listras e aquelas listras faziam toda a diferença naquela época. Eu gostei muito do jeito que ele se vestia, era diferente e eu adorava tudo que era diferente. Ele tinha terminado o namoro e eu fui dar uma de amiga que aconselha e era só isso mesmo que eu queria ser, eu nem sentia vontade de namorá-lo (nessa época eu não ficava com ninguém, então a única possibilidade, pra mim, era o namoro), só que, com aquela intensidade toda e por não saber ainda como era exatamente gostar de alguém a ponto de querer namorar, eu acabei achando que estava mesmo gostando dele. Decidi que não queria guardar aquilo pra mim como fizera a vida toda, então abri o bico: estou a fim de você e aí? O que você tem a me dizer? Ele foi embora. Passamos uns dois dias sem nos falar, coisa que costumávamos fazer todos os dias. Depois ele me pediu em namoro. Pronto, eu estava namorando e achava aquilo estranho. De novo as obrigações, mas, dessa vez, eu gostei. Estranhei, mas gostei.
Eu ainda era muito fechada e não demonstrava muita coisa, eu gostava dele e eu achava que o que eu fazia era coisa de quem estava se jogando de cabeça, mas ele, super expert em namoros, dizia que eu era uma geladeira. O problema maior do nosso namoro foi a minha frieza e eu não consegui ser diferente. Então o namoro acabou e, quando eu percebi que tinha acabado mesmo, o meu mundo perdeu todo o sentido. Lembro-me de acordar, no dia 16/11/2004, dia do meu aniversário, dizendo que eu não queria receber nenhum parabéns, nenhum feliz aniversário porque a felicidade era algo que estava completamente distante de mim. Eu estava de luto e queria vivê-lo. Minha mãe teve que me levar à psicóloga porque ela nunca havia me visto naquele estado de depressão. Ali, naquele consultório, eu disse sobre como o meu coração estava arrasado porque eu tinha criado na minha mente todo um mundo fantasioso em que eu e ele nos casaríamos um dia, mas esse mundo estava desfeito, destruído. Lembro-me de sonhar com a minha casa sem muros e um monte de gente roubando tudo de dentro dela, inclusive paredes e estruturas. Meu mundo fantasioso tinha sido roubado. Mas aquela psicóloga me fez acreditar que essa tal fantasia de me casar com aquele cara poderia ser verdadeira, que era só uma breve separação para nos preparar para isso, talvez e eu saí de lá acreditando nisso, eu tinha que me agarrar a alguma coisa para conseguir viver. Mas, alguns dias depois, a irmãzinha dele me falou que ele estava namorando uma garota que, também, dançava. E depois a irmã mais velha dele me disse que ele iria se casar. Pronto, nesse dia, o mundo parou e foi como se uma pedra enooorme tivesse caído em cima de mim. O meu futuro marido se casaria com outra, a quem ele tinha engravidado. Eu fui ao casamento, eu queria ver com meus olhos pra não deixar nenhuma dúvida para a minha mente fantasiosa de que eu nunca me casaria com ele. Nessa época, eu era uma menina tão bacana, tão crente na vida, nas coisas boas e o mundo só conseguiu me oferecer coisas ruins, eu sofri muito. Eu estava revoltada com a vida.
Eu sempre tinha sido só e independente, no sentido de não ter namorados e vivi super bem com isso, mas, depois que ele apareceu em minha vida, ele passou a cuidar de mim, não me deixava voltar pra casa de ônibus à noite, fazia questão de me levar em casa, ele me acostumou a precisar de alguém, ele me ensinou a precisar de alguém que cuidasse de mim e depois ele foi embora. Foi um choque enorme ter que voltar a andar de ônibus, às 11 da noite, naquelas ruas escuras e perigosas sozinha. Depois que você se acostuma com o bom é muito difícil voltar a se acostumar com o ruim. E, antes dele, aquilo não era ruim, era só a minha vida mesmo.
Eu fechei meu coração, nessa época. Lembro-me das viradas de ano em que eu ia pra igreja e via todo mundo feliz e eu só fazia uma única oração dentro de mim: Deus, eu quero voltar a ser feliz, mesmo sem aquele cara por perto. Eu queria que o ano começasse e, junto com ele, que a antiga Renata independente e sem paixões voltasse a existir. Mas há caminhos para os quais não há volta. Ou a volta pode ser bem demorada.
O tempo passou e eu não aguentei esperar, eu não tive paciência, eu fui afobada e me desfiz dos meus ideais todos, eu joguei fora todos os meus padrões de comportamentos, eu neguei tudo o que eu tinha aprendido até então e fui me apresentar toda vazia a um mundo perdido. Eu me perdi junto com esse mundo. Eu aprendi a desvalorizar tudo que, antes, era valorizado por mim. Eu aprendi a não dar importância a sentimentos, a pessoas. Tornei-me uma pessoa bagunçada. Quando eu gostava de alguém, eu fazia questão de estragar tudo, era até meio inconsciente, eu demonstrava o oposto do que eu sentia. Eu pensava, no meu inconsciente, que ninguém mais iria me enganar, porque eu enganaria a todos antes. Eu sabia que um dia teria de lidar com as consequências de tudo isso, mas eu só queria viver aquele meu agora. Ninguém percebeu que aquilo era desespero de uma alma toda rasgada em dor. Eu fingi não ter mais alma, muito menos coração.
Acontece que a vida faz questão de nos trazer de volta a nós mesmos, graças a Deus! Ela cuida de nós mesmo quando somos filhos rebeldes. O amor de Deus permanece e é ainda mais intenso quando nós menos o merecemos. É lindo isso, né?
Foi em meio a esses meus caminhos tortuosos que conheci o amor. Eu pensei que nunca seria apresentada a ele, eu já tinha até me acostumado com a ideia de que viveria sem ele pra sempre. Mas a vida me achou digna de conhecê-lo! Hoje ele faz parte de mim, ele conseguiu me trazer de volta a mim, às minhas verdades, a tudo o que eu neguei nos meus descaminhos. Eu ainda estou aprendendo a lidar com ele e ele me assusta às vezes, mas foi ele que me reapresentou à minha felicidade plena.
É tudo muito difícil, eu tento fugir dele, crio muitas razões para ir embora, mas tudo o que eu fiz até agora foi fugir e eu preciso e eu quero encarar o amor de frente com todas as dores e dificuldades e sofrimentos inerentes a ele. Porque o amor é lindo e me faz a pessoa mais feliz do mundo, mas ele tem o seu lado sofredor também. E eu quero aceitá-lo por inteiro. O amor nos faz parecer idiotas, mas é isso mesmo, está tudo certo e no lugar porque ele está nos ensinando a nos desapegar do orgulho e da soberba. O amor nos faz mudar conceitos que carregamos durante uma vida inteira. Ele muda tudo quando ele acontece. E eu estou aberta às mudanças que ele quer causar em mim.
Quem está de fora não pode entender isso e quando dou ouvidos ao externo do amor, minha visão fica turva e eu perco o foco. Isso parece muito louco, mas o amor é louco. Ele não é explicável. Ele existe. Eu posso prová-lo, ele existe porque há um ambiente propício, nesse sentido ele é explicável, mas o total dele é loucura, é bagunça e é por isso que eu gosto tanto de vivê-lo: ele não é comum, nem banal, mas é excêntrico, exótico, coerente em meio a suas aparentes incoerências.
Hoje eu sofro as consequências do meu passado sombrio, este abala as estruturas da confiança no meu amor, mas eu quero construir meu prédio do amor em bases firmes, quero reconstruir desde as estruturas para que o amor se sustente. Não é nada fácil, mas eis-me aqui, amor. Eu não fugirei de você mais, eu vou te encarar.
Às vezes, a gente olha pra uma pessoa sem desconfiar das histórias dela, carregadas de dores e sofrimentos e traumas e medos. Em sua superfície, só encontramos as alegrias, mas é com o tempo, quando ela nos deixa mergulhar em suas profundidades, que conhecemos seus lamaçais e até a entendemos melhor. Penso que são esses lamaçais que cavam o caminho da felicidade plena, quem sabe.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sobra aquela vontade de voltar, mas sobra também a obrigação de ir embora

Continuar na situação em que eu estava tinha seu lado bom, mas começou a me machucar mais do que eu conseguia suportar, então, mais uma vez, decidi me afastar.
Afastar-me da situação em que eu estava me deixa a pessoa mais infeliz desse mundo. Não há desespero, apenas uma tristeza tão profunda que impede meu estômago de funcionar normalmente, que tira o meu apetite e que me deixa apática ao mundo.
E quando ficar é ruim e ir embora também, o que a gente faz?
Como disse a Patrícia Ribas, minha querida amiga: "a minha vontade imensa de virar apenas parte do tecido da cadeira que estou sentada. Ser absorvida e virar inanimada.Simples assim".
Eu te entendo, Pah, e compartilho desse sentimento também.
Sobra aquela vontade de voltar, mas sobra também a obrigação de ir embora.

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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Desta vez, eu não vou fugir

A gente pensa que o passado ficou lá atrás, quietinho, guardadinho. A gente até pensa que o passado, porque passou, não existe mais. E quando estamos nos esforçando em viver bem o nosso presente, o passado vem deixando vestígios, fazendo a gente lembrar que um dia ele existiu. Então vamos lembrando disso com mais frequência e com mais frequência e depois a gente pensa que esse passado bem que poderia nos ajudar a superar crises do presente e aí a gente vai se atolando nesse vai-e-vem de não saber o que fazer.
Mas a verdade é que, se algo não deu certo lá atrás, não existe possibilidade de dar certo agora. Sim, as coisas mudam, as pessoas mudam, evoluem, melhoram, entretanto a situação toda não vai ficar maravilhosamente bem só porque o tempo é o agora e não o lá atrás.
Tenho essa mania de supervalorizar o passado, só porque não é com ele que tenho que lidar agora, talvez como uma forma de escapar dos meus problemas atuais. Sempre fugi do meu agora, mas, desta vez, vou enfrentá-lo. Acredito que a realidade do presente é, certamente, muito mais evoluída e muito melhor que aquilo lá. O meu presente é complicado porque é novo pra mim, porque eu nunca lidei com o que ele está me fazendo lidar, mas sabe de uma coisa? Eu amo o meu presente, a minha vida atual, os meus problemas hodiernos porque, mesmo sendo tão bagunçados, eu estou aprendendo muito com tudo isso, eu estou crescendo, me desenvolvendo. Eu não quero o que passou, eu quero o agora com todas as crises e dificuldades inerentes a ele. Vemnimim, presente!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Quando abro meu coração é isso que sai de dentro dele

Acho esse mundo um puta lugar estranho e nós somos todos loucos, cheios de esconderijos pros nossos sentimentos verdadeiros, como se o pré requisito de viver fosse não demonstrar e nem assumir nada do que se sente, pelo contrário. Não é louco isso?
Hoje eu quero me assumir, inteira, exatamente o que sou. Eu sou uma pessoa carente que vive a procurar o amor, aquele bonito e arrebatador; eu quero ser amada, quero uma relação cheia de intensidade porque todas as vezes em que vivi sem ela, achei a vida o cúmulo do sem graça.
Eu enxergo significâncias naquilo que é, aparentemente, insignificante, tipo uma janela que me mostra um horizonte ensolarado com aguinhas malemolentes do lago Paranoá. Olho através de uma janela desse tipo e a vida passa a fazer o maior sentido. Ou uma sentada num café para comer uma tapioca com manteiga e queijinho (quer sentido melhor de viver do que este?).
Não é no grande, mas sim no pequeno e no simples onde habitam os meus maiores motivos de felicidade. Claro que, vezenquando, a gente quer mesmo as coisas suntuosas e grandes. Mas meus melhores momentos acontecem na singeleza de trocas de olhares e barbas por fazer raspando no meu pescoço e gemidinhos fungantes nos meus ouvidos e beijinhos no pé. É quando eu constato que eu, realmente, não queria estar em nenhum outro lugar, senão exatamente ali e que a vida não poderia, mesmo, ser melhor que aquilo.
E é aí onde, talvez, possa morar o perigo, mas como, meu Deus, eu vou querer outros braços e outros olhares e outra barba se é exatamente essa que me satisfaz plenamente. Então que me desculpem a modernidade, o poliamor, a poligamia, a pegação; mas o que eu quero mesmo é o amor romântico e a monogamia, nesse estilo bem retrô mesmo.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Quando escrever não é espontâneo

Dias mudos, sem palavras. Você as quer, implora por elas e nada. Então você escreve coisas aleatórias mesmo porque este é o seu espaço e você não é muito amiga do silêncio da sua própria alma. Você está em paz, calma e começa a pensar em qualquer coisa que remeta ao filme “minha vida sem mim”, especificamente a parte inicial em que a Ann está embaixo da chuva protagonizando um monólogo, como se ela estivesse do lado de fora de si.
Escrever, hoje, não é nada espontâneo e isso te dói, é como arrancar pedaços significativos da sua epiderme com as próprias mãos. E você continua, continua porque tudo o que você sente é esperança e esta tem sobrevivido em você em cima de circunstâncias absolutamente contrárias a ela e você tem até medo de compartilhar seus processos mentais com as pessoas ao seu redor, as queridas, porque o que se vê é muito distante do que se acredita, mas, mesmo assim, você acredita cada vez mais.
É como se você tivesse nascido, antes de mais nada, para acreditar. E você se sente exercendo a sua função na terra enquanto pratica a sua fé, enquanto tem como certas coisas que não se veem.
E você veio aqui escrever coisas ruins, você queria até reclamar um pouquinho, sei lá, mas você acaba extraindo do âmago do seu ser uma força enorme que te faz, simplesmente, crer, com cada celulinha do seu corpo inteiro, nessas coisas que, por enquanto, só habitam o seu coração. Você acredita nele, mesmo enxergando um cenário completamente distante do que um dia será. Então você respira profundamente e permite que o universo continue conspirando ao seu favor.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Ciclos Tatibernardianos que também são ciclos Renatianos

"Droga. O quê? Eu falando de gostar. E daí? E daí que vai acontecer tudo de novo. O quê? Vou sentir demais, falar demais, escrever demais, você vai embora."

(Tati Bernardi)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Uma caixa de cereal francês, largada na prateleira do mercado

Eu tinha o costume de ir ao mercado perto de casa, durante a madrugada. Andava pelos seus corredores vazios à procura de algo que eu não sabia bem o que era ou apenas andava, olhando atentamente os objetos enfileirados nas prateleiras.
Havia uma caixa de cereal francês que me chamava a atenção, sempre que eu ia ao mercado, pegava a caixa com as mãos e lia as letras grafadas em francês e colocava a caixa de volta. Ela me chamava a atenção e eu gostava dela, mas nunca a levei pra casa. Sempre a deixei lá na prateleira do mercado.
Hoje, estou me sentindo como aquela caixa de cereal francês. Sou interessante, mas não ao ponto de ser levada pra casa. Talvez por insegurança gerada por silêncios entrecortados por palavras de dúvidas e incertezas.
Voltarei àquele mercado e comprarei aquela caixa de cereal porque é muito ruim ser ignorada ou abandonada, sei lá. Mesmo que seja apenas uma caixa inanimada, vai ver era exatamente isso que eu procurava naquele mercado, durante aquelas madrugadas vazias e nunca me atentei para esse fato.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Não era força, era vontade dela

Aquilo que ontem eu pensei ser força, era apenas vontade dela. Na verdade, estou fraca e precisando de cuidados. Descobri, assim, de repente, no consultório da minha nutricionista, que a minha instabilidade emocional vai acabar me explodindo, caso eu não dê solução a ela. Reclusão é necessário, assim como cuidar de mim. Vou conseguir estabilidade?

Perenidade

"Mesmo quando as vidas aparentam se afastar, o sentimento da gente pode ignorar a palavra despedida, tantas vezes apenas um faz-de-conta, tentativa de ida que, apesar de anunciar, não sabe mais como ir embora.


Quando o encontro é bom e tem lume não tem porta de saída: é pra sempre, de um jeito ou de outros, no coração."


Ana Jácomo

segunda-feira, 16 de maio de 2011

De onde veio esta força?

Quando estamos emocionalmente separados, eu sempre acordo com o coração acelerado, olhando para o celular e vendo que, mais uma vez, não há o asterisco vermelho, informando a presença de mensagens de texto. Levanto-me da cama e começo meus dias, tentando deixar nela a angústia que seus silêncios me provocam. Odeio brigas, mas as prefiro aos silêncios. Sinto-me insultada e ignorada.

Estou cansada da minha fragilidade, da minha covardia em permitir que a sua mudez me impeça de continuar. E não sei de onde veio, mas agora eu estou diferente, existe uma força dentro de mim que eu não tinha antes. E essa força me diz que, independente dos acontecimentos, dos resultados, das consequências, a minha vida vai ser sempre boa e feliz, mesmo que não seja com você por perto, porque é o que pessoas como eu merecem do universo. Ele conspira ao meu favor, eu estou bem certa disso.

Então é assim que vai ser daqui pra frente, eu gosto de você e eu estou aqui cheia de todos os sentimentos bonitos e todos os mimimis que você já conhece dentro de mim, mas não quero mais as nossas instabilidades me abatendo, não vou lutar contra o destino, ou contra a sua vontade. Estou desvinculando a minha felicidade de você. Quero ser feliz apesar da sua ausência, apesar dos seus ásperos silêncios, apesar do seu orgulho.

domingo, 15 de maio de 2011

Sobre a nossa história

Na primeira vez que ficamos, ele me convidou para dormir na casa dele e disse que faria café da manhã pra mim, no dia seguinte. Fiquei tão assustada com aquilo que saí correndo, no meio da madrugada, e fui dormir no aconchego da minha cama, no quentinho do meu lar, onde não havia ninguém pra me fazer promessas que começariam com cafés da manhã e poderiam terminar, sei lá, com sentimentos mais sérios. Eu, que sempre afugentei pessoas com os meus sentimentos e profundidades, estava sendo afugentada por um convite de dormir abraçadinhos e tomar cafezinho da manhã juntos. Aquilo era demais para a minha pessoa, pensei logo: Charlatão ou o último-romântico-da-face-da-terra. E nenhuma dessas duas opções me interessaram.

Quatro dias depois, recebi um telefonema dele, me chamando para almoçar. Claro que sim, você pode me buscar aqui na porta do meu local de trabalho, mas estou fazendo dieta, escolha um lugar adequado. Não cortei o mal pela raiz, mal sabia eu que estava brincando com fogo. Fomos almoçar como se fôssemos dois colegas de trabalho. Não me lembro direito, mas acho que ele descansou a mão direita sobre a minha coxa ou segurou minha mão, alguma coisa assim que só românticos ou galanteadores-charlatões sabem fazer. Eu não sabia bem o que ele era, mas não me importava muito, eu só estava brincando, encarando a personagem eu-aceito-seu-romantismo-sem-me-apaixonar-por-você. E eu me lembro de fazer com que ele desse uma mini-volta pela cidade para buscar um remédio na farmácia homeopática para mim, pensei comigo mesma, já que está tão prestativo, vou me aproveitar dele, até porque morro de preguiça de andar por aquelas entrequadras engarrafadas sozinha. Ele errou o caminho algumas vezes e disse: É bom que eu passo mais tempo com você. Pronto, meu sininho-interno-identificador-de-charlatão tocou. Eu ri sem graça, minha Renata romântica adorou ouvir aquilo, a bichinha até acordou de seu sono profundo e começou a pular dentro de mim, mas claro que eu fechei a porta na cara dela e não deixei aquilo me afetar.

Não me lembro bem da ordem cronológica, mas acredito que o nosso próximo encontro foi um jantar na casa dele. Fui ao shopping fazer compras, afinal adoro inventar novos motivos para isso. Cheguei linda e perfumada no apartamento dele e o encontrei vestindo uma camisa com a gola em V, um escapulário que me chamou a atenção desde então, calça jeans e uma sandália de couro. Ah, ele começou a me ganhar ali, naquele dia. Abriu um vinho, fazendo comentários de homem interessante. Sentamo-nos na varanda com nossas taças de vinho e conversamos. E, a partir de então, se o resto da vida se resumisse àquela sentadinha na varanda, eu não acharia ruim. Ele não sabia, mas eu sempre fui uma apreciadora de varandas. É bobo, mas importante. Depois ele revelou que não tinha feito o jantar e sim comprado e o prato era Ravióli (eu acho, porque não entendo de massas). Bom, ele não sabe até hoje, mas eu não comia massas há muitos anos, desde que meus pais saíram de casa e eu e minha irmã passamos a morar sozinhas, nossas refeições se resumiam a massas de todos os tipo de molhos possíveis e imagináveis, então eu havia enjoado até da palavra m-a-s-s-a. Resolvi não tocar no assunto e pensei que a combinação era realmente perfeita e ele estava se esforçando, então foi aí que comi um ótimo ravióli, acompanhado de um bom vinho e, hum, talvez uma boa companhia (é claro que meus espinhos internos estavam engatados na minha epiderme para furá-lo a qualquer momento, eu não podia dar o braço a torcer a mim mesma que eu estava gostando de um jantar a dois no apartamento de um homem interessante, era demais pra mim). Nessa noite, eu dormi lá.

No outro dia, ele veio me buscar em casa, jantamos no lounge do meu condomínio, uma saladinha maravilhosa. Na hora de pagar, eu me ofereci, afinal ele já tinha pagado um almoço e um jantar, era a minha vez, eu não gosto de ter homens me bancando, pensei. Ele disse que perguntaria para a garçonete, se ela dissesse que eu poderia pagar, então eu pagaria. Mas eu conhecia a garçonete, a Lili, e, como eu esperava, ela disse alguma coisa que me impediu de pagar a conta. E foi quando ele começou com a história de que o primeiro encontro o homem paga e a mulher paga os seguintes. Ele também é engraçado, pensei. E ele usou essa frase até quarta-feira passada, quando decidi assistir jogo de futebol amigavelmente (auto-sabotagem) com ele, quase seis meses depois, ao pagar a salada delivery da zimbrus.

Depois do jantar, fomos ao cinema. Eu escolhi o filme e andamos de mãos dadas e abraçadinhos e beijinho vem, beijinho vai, ele me chama para tomar vinho na casa dele. Nessa hora, tudo o que eu queria era dizer sim, quero tomar vinho, quero tanta coisa com você. Mas eu só disse que iria à boate com uma amiga e foi então que ele me levou à porta da boate e se despediu de mim como um bom rapaz que deixa a garota se divertir. Ali, eu pensei que ele não fizesse o tipo ciumento (claro que não tínhamos aproximação suficiente para sentirmos ciúmes um do outro, mas sei lá). Eu estava enganada.

Desde então, eu me desfiz dos casinhos que eu tinha. E esses outros caras me tratavam bem também, era um jantar por dia, era alguém que comprava lentes de contato e vinha me trazer às 7 da manhã porque as minhas tinham rasgado, era vinho na beira do lago, mas, por causa dele – o novembro, o malino – eu perdi o interesse pelos outros, foi aí que eu comecei a ver sentido na letra da música “depois de você, os outros são os outros e só”. E todos perceberam que eu estava mudada, antes que eu terminasse com os outros, eles diziam “você está namorando, Renata? Você está muito diferente”. E eu dizia que não estava namorando, mas que algo em mim, que não havia acendido nunca, resolvera se acender. E que eu não conseguia mais ficar com outros. Eles se comoveram com a beleza daquilo tudo, alguns morreram de ciúmes e me pediram em namoro imediatamente. Mas eles sabiam que haviam me perdido pra sempre. Estava escrito no meu olhar.

Com ele eu consigo dormir abraçadinha a noite inteira, coisa que eu nunca consegui com ninguém nessa vida, com ele eu consigo dividir a cama, com ele eu assisto ao jogo de futebol (coisa que eu nunca fiz com homem nenhum, fora meu pai), com ele eu finjo ser só amiga para não ter que ficar distante.

Eu gosto dele, da maneira que ele me faz sentir mulher; que me faz sentir querida quando diz coisas como “você me é especial e eu quero te segurar com os dois braços”; que ele cuida de mim quando eu estou passando mal pelos meus excessos alcóolicos; como ele me dá conselhos sobre não ficar respondendo “não sei” sempre que me perguntam algo; quando ele me manda mensagem com uma palavra só: linda; como ele me olha nos olhos e me diz verdades profundas, no escuro do quarto dele; quando ele desce pra buscar minha mala no meu carro, enquanto eu tomo banho. Eu gosto de tudo nele e eu não sei onde isso vai dar, eu só sei que até sexta-feira, à tarde, estava sendo bom e eu só queria viver esse bom, sem cobrar nada, sem criar expectativas demais. Eu só queria aceitar essa felicidade que me bateu à porta e deixá-la entrar e parar de lutar contra.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Chutando o amor (com snoopy)

Dói acreditar no que a gente quer e não no que está em nossa frente, dói não entender, dói querer demais, dói ser intensa, dói ver o que poderia ser distanciando-se, dói ver o nunca será se aproximando, dói e dá vontade de fechar o estabelecimento coração para o freguês amor.

Esse tal freguês é novo por aqui, mas chegou mandando em tudo e mudando tudo de lugar, é exigente e não aceita menos do que acredita merecer. Ah, mas esse tal amor pode ser exigente porque ele é lindo e tem presença forte, ele chega e rouba toda a atenção da rua, da cidade, do universo em que está fixado o estabelecimento coração. Só que ele é grande demais, não cabe mais aqui, não quero mais que ele caiba aqui. Vá embora, amor.

Este ou aquele?

Minha vida agora é fazer um esforço exageradamente grande para não acreditar na magia que insisto em enxergar em tudo. Vejo sinais onde não há indício algum. E sigo essa minha intuição enganadora como se ela fosse a verdade mais real e tangível.

Entretanto, não posso negar que, em 26 anos de vida, minha intuição-mágica levou-me a lugares incríveis e trouxe pessoas imprescindíveis e maravilhosas, só que ela também me tirou pessoas.

Não é segredo que eu nunca soube lidar com perdas e cada uma delas vai lapidando meu coração, sabe? É um processo profundamente doloroso, mas bonito de se ver.

E agora estou em uma encruzilhada, preciso decidir que caminho vou seguir. Um deles é muito, muito doloroso, mas lá loooonge eu sei que ele me trará muita felicidade. Já o outro é rápido e fácil, me trará alívio momentâneo, mas nada disso será firme e forte para me segurar no futuro.

Sinto-me tão fraca para enfrentar o caminho número um que estou me enveredando pelo segundo.

Estou precisando de bálsamo agora, pra-já.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Porque rapadura é doce, mas não é mole não

"Se tudo que se quer é a plenitude, se tudo que se quer é a doação e a entrega, se tudo que se quer é daquele jeito, no limite máximo possível, se tudo que se quer é integral; não aceite menos, não aceite pouco. Não aceite quando não houver entrega. Não aceite quando não for totalmente recíproco. Não aceite quando houver tangencialidades. Não aceite quando precisar ser secreto. Não aceite se a oferta não pretender eternidade. Não aceite mentiras sinceras e boas intenções. Não aceito."

[Marcele Alencar]

Trechos do dia

"Porque quanto mais feliz a história, mais infeliz a dês-história."

"Nasci pra dar mãos, dormir abraçada, fazer cafuné, beijos estalados ao amanhecer, rosas, café da manhã e todas as pieguices que passei a vida me negando a admitir. Sou amoralmente romântica e não quero outra pessoa senão a pessoa que eu quero."

Assino embaixo, Iza.