terça-feira, 23 de novembro de 2010

Distância, preciso de você

Estava, há tanto tempo, correndo de um lado para o outro, que esqueci que a vida também é parar. E olhar, e pensar, e sentir. O corre-corre me fez não saber o que sinto; sinto tanta coisa junta, misturada e bagunçada. Sinto o quê? Sinto quem? O que quero?
Desliguei a tv, precisava ouvir o silêncio de fora e de dentro um pouco. Com medo de me enfrentar, peguei um livro, abri as janelas, deitei-me no sofá e fui ler “Os diários de Carrie”. Isso é tão a minha adolescência e me lembro que hoje em dia, com 26 anos nas costas, ainda tenho, talvez, 17 anos na vida emocional. Triste? Patético? Normal?
Sabe criança quando descobre um doce novo? Quando pega uma lata de leite condensado escondida dos pais? Então.
Estou viciada no meu leite condensado, mas ele, em excesso, está me fazendo muito mal. Tenho problemas com limites, não os utilizo em minha vida. Tenho medo de, um dia, me arrepender novamente porque deixei de fazer algo. É horrível, pra mim, a sensação de não saber o que poderia ter sido se eu tivesse tido coragem, se eu tivesse feito.
Estou decidida pela distância. Quero ficar longe do meu leite condensado. Quero cuidar da minha adolescência emocional e do meu lambuzamento. Por isso, é noite e sinto vontade de pegar meu celular e fazer ligações e dizer palavras que nem sei se são verdadeiras, sinto vontade de matar, mesmo que momentaneamente, esse tédio e carência aparentes, mas decido que não. Distância, preciso de você.