quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Uma carta que nunca conhecerá seu destinatário

"Your so sweet it makes me cry" é o que Jonathan Rice canta nos meus fones de ouvido, são 01:03 da madrugada, a casa está silenciosa e vazia de movimentos, sua foto está aberta no meu computador e eu olho pra ela enquanto escrevo, é como se você me olhasse e eu fico com vergonha, não consigo manter os olhos nos seus por muito tempo, há um sorriso cheio de paz nos meus lábios, lembro-me da Felicity e do Ben. Confesso que me deu um medo de estar sendo uma pessoa louca e obsessiva por estar nessa situação um tanto quanto patética. Mas essa sou eu mesma. Tento mudar a música, mas não consigo. Agora tudo no meu dia-a-dia me lembra você muito mais porque você entrou no meu território. Faz sentido essa situação em que me encontro? Ou não tem pé nem cabeça? Eu não quero que nada se apresse, nem que diminua o ritmo, eu quero que seja o que está sendo e o que tem que ser, mas eu só não quero ver o que não existe. Eu posso até reclamar bastante internamente, mas eu estou feliz, feliz assim-desse-jeito. Nós caminhamos a passos tão curtos e eu gosto. Nós estamos mesmo caminhando, não?

Pensamentos soltos entre dálmatas e café com leite

Minha caneca amarela dos dálmatas, que tenho desde mil novecentos e antigamente. Leite quentinho com café, meu predileto. Uma golada grande e lenta. Fecho os olhos. Sento-me no sofá, melhor, encolho-me nele. Ouço Kate Perry, acho adolescente, mas gosto de variar. E é bom. "Thinking of you" me dá vontade de chorar, só agora. Penso nas aulas da tarde que faltei, no seminário que tinha que apresentar, no francês e lembro-me, por relapso, que ainda estamos em outubro. Choro. E penso no Ted, as always. E acho brega e adolescente dar esse apelido pro Ted. Mas isso é coisa minha e when it cames to me, eu posso everything, ok? E eu me lembro do azeite e me dá uma vontade crazy de chorar, o azeite derramando na minha maçã, a salada dentro do carro, o carro sujo, a solidão do almoço. Foi principalmente por isso que eu saí correndo dali e vim pra casa e dormi boa parte da tarde e não estudei psicologia e nem comecei a estudar pro grande concurso of my life e são tantas coisas por fazer. Então dou uma última golada e coloco Elis e Tom para tocar: "É, só eu sei quanto amor eu guardei". E essa semana não está sendo particularmente a minha semana e eu estou somatizando toda essa preocupação, estou toda perebada. Os dias se passam arrastados e me arrastando, está sendo desconfortável, pra falar a verdade. O meu alívio é que novembro está chegando e novembros são tão doce novembro, espero que esse seja também. Ah, preciso tanto de um refresco, na mente sabe?

domingo, 25 de outubro de 2009

Reflexões em momentos chuvosos

A chuva, de novo ela. A solidão, minha amiga de longas datas. A falta, um sentimento antigo. A música agridoce que o Léo, beu abor, me mandou. Abaixo o volume da música para ouvir o barulho da chuva. Talvez, quem sabe, ela não queira me dizer algo. A janela ficou embaçada, olhei através dela, através do embaçado lá pra fora, mas daqui não posso ver nada. Imaginei que se não for seguir minha intuição, seguirei o quê? Ela é o que eu tenho. E ela pode estar errada, mas quero saber que fiz o que acreditava que deveria. Vai chuva, chove mais, aqui em mim, aqui dentro da minha alma cansada dessa aridez. Então ele, a minha chuva, resolve chover nesse deserto e eu não quero ficar me perguntando quanto tempo a chuva vai durar ou se ela choverá todos os dias pra saber se eu fico feliz por ela ter colaborado para a extinção, mesmo que momentânea, da sequidão da minha alma. Há muito estou cansada de me preocupar com o que pode vir a ser. Lembrei do Ted, muitas vezes ele deixou a Cris "na mão", sem uma carta ou um telefonema. Mas tudo tem o seu tempo. E eu quero enjoy the exact moment. Now I'm happy e é isso o que me importa, sinceramente. Ufa! Agora eu consegui me entender.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A chuva intensificando meu sentimento de quero-aqui-perto

Não é segredo mais que ultimamente (ou talvez sempre) eu só escrevo quando a corda está apertando o meu pescoço, então venho berrar aqui pra ver se alguém escuta esses meus ruídos inaudíveis. E só eu mesma escuto e já é um grande alívio escutar-me. Está chovendo, o dia tão cinza, tão embaçado, as gotículas de água na vidraça da janela e Ryan Adams cantando e tocando sua gaita maravilhosa aos meus ouvidos. Eu estava dirigindo e me deu um pavorzinho porque os vidros do carro estavam embaçados e o desembaçador não funciona e minha lente de contato está com o grau desatualizadíssimo (fiquei sabendo disso semana passada e ainda estou petrificada em saber que agora tenho 7 graus de miopia, tá e eu sei que a unidade não é grau, mas não me lembro qual é, anyway). Aí vem o Ryan cantando uma música mais agressiva e acho que isso vai me ajudar a botar-pra-fora, as palavras. Eu não sei se é o tempo ou os acontecimentos ou a distância e pode muito ser a chuva, mas hoje me deu uma saudade muito absurda e do tamanho de um mundo inteirinho e nem está cabendo em mim, me explodiu, está saindo pelos meus buracos, está jorrando saudade por todos os lados e se mistura com um sentimento bobo-tão-grande, que, de tão grande, nem cabe em mim também. Sou tão pequena, é assim que me sinto um-pontinho-de-gente-não-sei-quantos-andares-lá-embaixo-da-torre-de-tv. Eu juro que não sou de suspirar, mas até isso eu tenho me tornado. Agora, sem perceber, um suspiro tão sofrido. E dói ficar acreditando que tudo faz parte do meu conto-de-fadas-que-não-existirá-nunca-porque-isso-aqui-é-mundo-real. Talvez fosse melhor um adeus, uma quebra, um nunca mais, estou cansada dos nossos imensos espaços entre cada tchau. E eu tento me acostumar a ficar sem você em cada infinito espaço desses. "Why would you have to be so cute? It's impossible to ignore you" é o que Imogen Heap está cantando pra mim e aquela saudade que eu disse antes está jorrando, você precisa ver como eu pareço um bueiro entupido, jorrando, jorrando e jorrando. A coisa tá feia aqui, meu bem. Se o sol não surgir e as gotículas de água não pararem de embaçar a vidraça da janela e o dia não deixar de ser cinza, eu não garanto integridade, porque sou só pedaços de mim e, assim, não consigo me juntar.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A mesma coisa de sempre, variada.

Ok, estou precisando conversar, vomitar as palavras em cima de alguém, mas coitado desse alguém, né? Então vou fazer isso aqui mesmo, pra mim mesma porque ninguém é obrigado a ouvir meus assuntos repetitivos e deprimidos e enjoativos. E eu sou eu, eu ouço, eu sinto essa mesma coisa sempre, essa mesma coisa variada. Pra começar, se é que tem um começo, eu não aguento mais ir para a faculdade e nem é que as coisas lá são chatas, o negócio é comigo, eu que estou cansada daquilo, de acordar cedo, de 'viajar' até a faculdade e andar o dia inteiro lá naquele sol que me faz suar (ah, é tão ruim ficar suada all day long). E eu avisei que seria chato ouvir e que é super reclamativo esse tal assunto. Eu queria estar estudando, não que eu queria, mas eu precisava porque eis que o sol brilhou especialmente pra mim nesses dias e surgiu um bom concurso e eu juro que queria meter a cara e o corpo todo nesse estudo, como quando abandonei o mundo e os amigos e a tecnologia por um bem maior que, convenhamos, melhor não dizer, está chegando, está chegando. Agora sou otimista, otimista reclamona. Estranho, é. E eu nem quero reclamar, eu só quero tirar de mim essa baguncinha de sensações que estão me deixando mau humorada, depois eu volto com força total pra essa vidinha que não é o que eu quero, mas vai me fazer chegar lá. Eu acredito, eu tenho acreditado tanto. Impossível alguém se dedicar e se dedicar e se dedicar a algo e esse algo fugir-lhe das mãos. Não se sabe o tempo, mas sabe-se que é o certo. Conceito tão complexo e relativo, mas é justamente ele que quero utilizar. Certo para a minha vida se encaixar. Em algum lugar, não sei. Hoje eu chorei enquanto voltava da faculdade, chorei sob meus óculos de grau fraco que me fazem enxergar embaçado. Depois olhei meu reflexo no retrovisor e achei tão feio que fiz força pra parar. Eu estava descarregando meu cansaço de espera em Deus, Ele me entende, eu não estava brigando, nem cobrando nada (quem sou eu para cobrar alguma coisa?), eu só estava querendo colo e Ele me deu. Eu pedi sabedoria e inteligência e força de vontade, ânimo, essas coisas todas que têm me faltado ultimamente. Eu sei que ele está me dando isso. E, enquanto eu escrevo aqui, todo meu pavor de hoje mais cedo está se dissipando e, no lugar dele, entra um arzinho gelado de frescor, de coisa nova, de expectativa boa, de tranquilidade e isso leva embora minha gastrite que eu não tenho, mas que estava com suspeitas de tanto que eu estava estressada e guardando meus temores, enrugando minhas expressões faciais. Xô, coisa ruim. Eu quero esse ventinho com frescor de pasta de dentes. Vezenquando a gente precisa mesmo é de um pit stop, trocar os pneus (no meu caso, acabar com eles, please), abastecer o tanque com energia boa. Ah, quer saber? Nem lembro mais das cem mil coisas ruins que eu iria escrever aqui.