sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

M.,

Às vezes, sua expressão facial é quase nula e isso me deixa muito intrigada porque me impede de te ler.
Suas atitudes são antitéticas: Você é o rei do romantismo e dono das palavras perfeitas ditas no momento perfeito, cheio das carícias mais envolventes; e você também sabe emudecer e não tomar atitudes, desliga-se de mim como se desliga um eletrodoméstico da tomada.
Você tem um jeito de beijar que deixa a língua meio rígida que eu acho tão engraçado e até passei a gostar!
Eu gosto de dormir com suas camisas e do jeito como você diz "fazer amor".
Eu gosto quando você está dirigindo e coloca uma das mãos sobre a minha perna.
E eu queria que aquele momento das bóias e do maremoto durasse pra sempre. Você soube me fazer sorrir o sorriso mais puro com seu jeito bobo de tentar sentar na bóia que era tão desproporcional para o seu tamanho.
Eu te achei lindo, bem vestido, maduro e cheiroso no dia em que fui jantar em sua casa.
Há um pedaço específico no seu peitoral que não tem pelo e fica sozinho no meio dos pelos.
Eu sei ver coisas que poderiam ser defeitos, mas até elas se tornam características que me fazem gostar de você.
Não acho que eu esteja apaixonada, isso já aconteceu muitas e muitas vezes (e em cada uma delas, eu penso que "desta vez é especial, é diferente". Nunca é). Sou gato escaldado e estou cansada. Meus pés precisam de um chinelo. Quero ir embora, preciso ir embora. Minhas "relações" têm prazo de validade e eu sempre o ultrapasso e fica aquele gosto de estragado, sabe. A nossa está chegando a esse ponto. Talvez.

Beijos.


Renata.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Distância, preciso de você

Estava, há tanto tempo, correndo de um lado para o outro, que esqueci que a vida também é parar. E olhar, e pensar, e sentir. O corre-corre me fez não saber o que sinto; sinto tanta coisa junta, misturada e bagunçada. Sinto o quê? Sinto quem? O que quero?
Desliguei a tv, precisava ouvir o silêncio de fora e de dentro um pouco. Com medo de me enfrentar, peguei um livro, abri as janelas, deitei-me no sofá e fui ler “Os diários de Carrie”. Isso é tão a minha adolescência e me lembro que hoje em dia, com 26 anos nas costas, ainda tenho, talvez, 17 anos na vida emocional. Triste? Patético? Normal?
Sabe criança quando descobre um doce novo? Quando pega uma lata de leite condensado escondida dos pais? Então.
Estou viciada no meu leite condensado, mas ele, em excesso, está me fazendo muito mal. Tenho problemas com limites, não os utilizo em minha vida. Tenho medo de, um dia, me arrepender novamente porque deixei de fazer algo. É horrível, pra mim, a sensação de não saber o que poderia ter sido se eu tivesse tido coragem, se eu tivesse feito.
Estou decidida pela distância. Quero ficar longe do meu leite condensado. Quero cuidar da minha adolescência emocional e do meu lambuzamento. Por isso, é noite e sinto vontade de pegar meu celular e fazer ligações e dizer palavras que nem sei se são verdadeiras, sinto vontade de matar, mesmo que momentaneamente, esse tédio e carência aparentes, mas decido que não. Distância, preciso de você.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O de sempre, desta vez sem açúcar

Subi as escadas num súbito desejo de chegar logo em casa. As sacolas que eu segurava pesavam meus braços, impedindo-me de subir mais rápido. Eu queria tanto chegar em casa e fechar a porta e me esconder do mundo.

Após esse meu ritual de reclusão, fui até a cozinha: louças sujas por toda a parte, lixo jogado em todos os cantos, frutas podres dentro da fruteira. Aquele era tão exatamente o retrato da minha alma que comecei a chorar ali mesmo, um choro de muita lágrima e gemido, choro-com-vontade-de-arrancar aquele nó que enforcava meu pescoço e me deixava sem fôlego.

E o nó afrouxou, mas isso só me fez chorar mais, soluçar, gemer. Eu precisava chorar o choro de meses guardado em mim.

A Bruna Caram está cantando agora, mas nem isso me tirou a vontade da falta de vontade. Porque uma coisa puxa a outra e quando se percebe há o escuro, o vazio e o silêncio. Só.

Não quero mais o que é unitário. Quero o dobro disso. Quero o dois e não quero nada ao mesmo tempo.

Ai, Bruna, você canta e sorri com tanta leveza que me faz pensar que tudo é tão feliz. Mas agora não é. Agora é tudo barata, esgoto e podridão.

Amanhã a Jô vem limpar o apartamento. Ela faz milagres. Fica tudo limpo e no lugar. Por outro lado, não há quem limpe e organize a minha alma. Deveria ser eu. Deveria ser eu. De-ve-ri-a ser eu! E não dou conta do recado.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Inferno astral

Inferno astral, seu lindo, você já chegou na minha vida, trazendo essa sensação chata de falta de sentido, angústia aparentemente sem motivos e esse gosto amargo na boca. Eu não precisava disso não, meu querido.

sábado, 16 de outubro de 2010

A auto negação, filha do medo

E ninguém entende que o que se vê por fora é totalmente diferente do que está lá dentro. E ninguém quer saber, desbravar, descobrir. Portanto, ficam só com a superfície que pode até ser bonita, mas nunca oferecerá profundidade.
A profundidade da minha alma, então, mantém-se guardada, à espera, à deriva. Uma espera que há muito já me cansou.
Eu quis tanto que você conhecesse essa profundidade, a verdade do meu ser, o pedaço mais importante de mim, o clímax da minha alma, mas você se deixou levar pela superfície enganadora.
Por que mantenho essa casca mentirosa? Meus descaminhos já me machucaram tanto que sinto medo de oferecer verdades e receber desdém em troca. E, por isso, me inventei desse jeito eu-não-ligo-pra-ninguém.
Por que permitimos que o medo nos transforme tanto assim? Somos tão covardes, meus Deus. Eu quero tanto, um dia, encontrar alguém que me faça ter a coragem de arrancar essa máscara de vez, colocar os dois pés firmemente sobre esse caminho que será novo pra mim.

sábado, 9 de outubro de 2010

Um desabafo antigo

Vem assim de repente, aos sábados à tarde, geralmente. Um medo de mundo, um pavor daquela toalha pendurada ali no suporte, um pavor sem sentido. Um choro seguido de outro e de outro e de outro. E choro e paro e começo denovo e paro denovo. Unhas vermelhas com as pontinhas saindo, é justo, pois hoje faz uma semana que as pintei. Não consigo encontrar a música certa para esse momento, então coloco Maria Gadu, não sei quem é, mas foi a única que consegui colocar rapidamente. Há momentos que pedem desesperadamente uma música. Agora, por exemplo. Aumento o volume. Choro de novo, mas minha vontade é vomitar porque vomitar é mais dramático, mais drástico. Alguns momentos pedem decisões drásticas. Agora, por exemplo. Abro a geladeira e vejo a caixinha de morangos, as frutas na fruteira, as barrinhas de cereal com chocolate e eu queria sem chocolate, mas não pude dizer isso pra minha mãe porque ela decidiu não falar mais comigo. E eu sou dramática e ninguém pode ficar sem falar comigo e muito menos a pessoa mais importante da minha vida. Então eu decido, em plena tarde de sábado, que eu não sou uma pessoa feita para viver e relacionar-se com outras, eu sou o tipo de pessoa que fica só, porque eu não sei lidar com as pessoas. Decido, então, afastar os contatos e os relacionamentos, tudo. Só, eu sou melhor. Só, eu permito que os outros sejam melhores. Decidi isso sentada no meio fio em frente ao prédio, esperando alguém chegar com a chave que nunca chegava. E lembrei de você me contando que já tinha ficado em coma, agora que eu fui entender a gravidade do que você me contou aquele dia trágico e mágico, meu coração ficou apertado, tão apertado e me deu uma vontade absurdamente grande de te abraçar e não te soltar mais. Viu? Por mais que eu me obrigue a não pensar em você, você está sempre rondando meus pensamentos. Até quando penso em solidão e decido solidão, vem você querer me fazer desistir dos meus impulsos raivosos-de-mundo.Vá embora, mas não se esqueça de ficar!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O quê?

Luto ou júbilo? Fim ou recomeço? Amizade ou romance? Respeito ou desprezo?

Sobre (sua) ausência

Sua ausência tem deixado minha alma desnutrida.

domingo, 22 de agosto de 2010

Sobre incertezas e impossibilidades

Domingo de sol lá fora, aqui dentro não tenho certeza sobre a metereologia da minha alma. Ouço Elliot Smith numa tentativa de acalmar um pouco este coração acelerado. Possibilidades enormes lá fora. E, teimosa que sou, escolhi uma alternativa apenas e nada mais me interessa. Será que tenho mesmo esta atração irresistível pelo que não posso ter? Tão perto e tão distante. Tão verdadeiro e tão irreal.

sábado, 21 de agosto de 2010

A (falida) espera

De tudo o que eu queria te dizer, o mais urgente é que eu estou morrendo de vontade de te esperar. Tão, tão incerto. Na verdade, estou tão certa de que você nunca mais "voltará". Mas eu quero esperar. O nada. O não-vir. O não-voltar. Eu consigo ser o tipo de pessoa que espera algo, sabendo que não vai chegar nunca. Eu sou masoquista mesmo. Tenho este dom terrível de machucar, alfinetar a minha alma.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Y.

Você disse que queria um texto sobre você e, em tão pouco tempo, ei-lo aqui!

Envolver-se com alguém, às vezes, pode se tornar um caminho sem volta. E, neste caso, tem se tornado. E como eu odeio admitir isso. Melhor voltar agora antes que seja tarde demais.

Estou cansada, pra falar a verdade, "de procuras inúteis e sedes insaciáveis". Acho que a Tati Bernardi disse isso. Estou cansada de emprestar um pouquinho da minha alma a cada pessoa que se aproxima e diz coisas e me acaricia os cabelos. E eu nem permito que a minha mente fantasie coisas e meus ouvidos ouçam os textos apelativos que cada um diz. Eu comecei tão bem com você, era divertido, novo, leve. E foi se intensificando e não que eu não goste de intensidade, acredite, eu A-DO-RO, mas, por outro lado, odeio não ter controle sobre mim, odeio ter passado o dia todo me controlando pra não entrar em contato.

Eu quero que acabe aqui. Não que tenha começado. Mas que pare por aqui. Paremos.

Odeio me olhar no espelho e buscar o reflexo lá de dentro e ver que eu não sou exatamente o que gostaria que fosse. Eu sou livre e não é justo comigo envolver-me com alguém que não é. Não que seja um envolvimento sério. Mas eu quero poder sair com alguém de mãos dadas, caso eu sinta vontade. Eu quero me libertar desse meu medo de envolvimentos sérios, eu quero me deixar sentir, me deixar apaixonar, me deixar falar e fazer o que eu sentir vontade, mas com você isto não é possível, até porque não é justo para comigo. Eu não posso ter um retorno que seja razoavelmente verdadeiro.

Estou tentando ir embora e é difícil. Mas é assim mesmo. Foi bom, foi muito bom. Foi rápido. E eu não havia percebido que a coisa havia saído tanto assim do controle. Eu estava gostando tanto, mas a vida sempre me coloca no caminho de coisas bagunçadas, poderia ser, mas nunca é. Acho que é isso o que me faz ficar aqui, do meu lado, quieta, sem esperar nada. Como dizia o Caio F.: "não há nada a ser esperado, nem desesperado" ou algo do tipo. Eu não espero. E eu não sei se ainda tenho a pretensão de querer. E você não podia ter falado tantas coisas, porque eu sou tola e, de tanto ouvir, eu quis acreditar, eu acreditei. Tolinha.

Tinha tudo pra ser bonito e foi bonito. E eu nem sei se chegou a ser. A gente sempre tem medo de usar as palavras e eu queria me libertar destes medos. E eu gostei. E te achei inteligente, com conversas agradáveis, com doses certas de cada um dos ingredientes que eu gostaria de encontrar soltos por aí.

Pronto, chega, eu queria dizer mais coisas, eu sempre estou querendo dizer coisas sem conseguir.

12 de agosto de 2010

Voltei pro meu quartinho de desabafo. Havia me esquecido dele. Estava até legal, sabe? Mas a gente sempre volta, afinal a vida não é um marzão de rosas e sim de água salgada. E hoje meu dia amanheceu salgado, sabor de lágrima guardada, processada, mas não liberada.
Todas as minhas tentativas de desabafo são tão menores que o que eu realmente estou sentindo. Quero escrever, sem sentido, sem ser bonito, sem ser harmônico. Quero falar, falar, falar por meio de letras digitadas no bloco de notas o quanto eu estou com vontade de chorar, chorar pelas pessoas com sentimentos tão pequenos, com corações tão pequenos, com corações tão machucados que, por isto mesmo, não sabem mais ser generosos com os outros ao seu redor. Eu aprendi desde menininha-tímida que não custa nada (e é até legal) ser gentil, ser verdadeiro. Entretanto a minha vida de adulta só me mostra o lado naja do ser humano. Eu queria chorar pelo quanto a vida, ás vezes, é desencaixada, obstruída e lenta em fazer acontecer sei-lá-o-quê. A gente sempre está querendo alguma coisa, batalhando, fazendo planos, querendo mais, crescer, mudar, melhorar. Estou cansada. Gostaria de passar um dia todo sentada em frente a uma paisagem bonita e não querer nada, apenas sentar e olhar e sentir. Ah, eu gosto tanto de sentir, eu sou viciada. Não sei viver sem. Deixar o ventinho gostoso bagunçar meus cabelos sem querer ter vontade de arrumá-los, os fios soltos, esvoaçantes. Um pouco de paz, distância.
E vem o medo. Medo de mergulhar fundo neste rio que me envolve ultimamente. Meus instintos logo dizem que ele é uma ilusão de ótica, que não existe, que é tudo fingido, fake, irreal. E eu querendo mergulhar, entrar, me envolver. E volto e vou e volto e vou e vou-voltando. Ah, tão difícil me desvencilhar desta algema grossa que prendeu minha alma. Estou mesmo é com vontade de mergulhar em tudo, me envolver ao máximo e se chorar no fim, que chore. Se der tudo errado, que dê. Mas, ao mesmo tempo, já não há espaço em mim para tanta aventura a olhos fechados, quero saber onde estou pisando. E nunca sei e nunca vai em frente. E eu quero, mas ao mesmo tempo eu não quero de jeito nenhum.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sobre falta de sentido

Às vezes é necessário não fazer esforço algum, deixar pra lá. Desentendimento e um pouco de mágoa tentam corroer este nosso sentimento mútuo de amizade eterna. É assim mesmo. A amizade não deixou de ser bonita. São só ventos contrários soprando. Let it be. Mantenhamo-nos fortes cada uma do seu lado, firmes.
Também sinto-me cansada destas provas de fogo, destes testes contínuos. Eu não tenho um caráter irrepreensível, não porque não queira, mas alguns errinhos de comunicação acabam acontecendo. Por outro lado, também não tenho um coração completamente ruim. Sou só eu tentando ser e o melhor que eu consigo é assim. Ando cansada de tentar ser muito boa, não sou, não consigo. Sou a Renata cheia de um coração que, apesar de toda baderna provocada, é puro e simples.
Eu só queria encontrar aí do outro lado um pouquinho de compreensão, de ouvidos que ouçam o que tenho a dizer sem estarem armados contra mim. Estou tão cansada de sempre estar errada.
Talvez eu simplesmente não sirva pra esta amizade, talvez esteja sendo dramática demais. Sou mesmo. Os dois. Entretanto nutro os melhores sentimentos em relação a você. Desde sempre, para sempre.
Então desliguei o telefone, coloquei-o no gancho e a vida começou a não ter sentido nenhum. Nós duas momentaneamente-e-emocionalmente separadas por um desentendimento do tamanho de uma formiguinha comparado ao edifício inteiro que temos construído ao longo desta amizade.
Sigamos o conselho de Caio F., que sabia tão bem das coisas: "Deixa o vento soprar, let it be".

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A espera e a limpeza

É fevereiro. Já. Ainda. Divido-me entre vontades do agora e vontades do depois. E esse meu momento se chama espera. Todos os meus dias se resumem a aprender essa palavra simples ortograficamente e tão complexa e abrasadora em significado, em realidade. Claro que às vezes penso que isso é para os fracos, esse negócio de esperar, provavelmente os fortes não esperariam parados, correriam atrás de tantas outras coisas no meio desse caminho. Pode ser mesmo que eu seja fraca, mas eu sei o que quero e estou aguardando exatamente isso, que está no forno assando, quase, quase no ponto. E nessa espera maluca e entediante, criei um ritual, criei uma maneira própria de pensar e acreditar, criei esse hábito chato de limpar a casa e lavar as louças e lavar roupas e fazer almoço e confesso que não quero ser dona de casa, sorry, mas é a coisa mais chata existente no mundo, faço porque está no meu ritual próprio. Também decidi tirar do meu coração o quê e quem não me dá feedback e, sim, você está dentro do saco de lixo onde coloquei todos esses itens pra quê, pra quem eu dedicava tanta atenção e muitos sentimentos mais. Estou te jogando fora porque dedicar sentimentos bons a alguém que parece uma parede é ruim, amado e eu já havia percebido isso há tempos, mas ficava me cozinhando em banho maria com esperanças frustradas de que um dia a parede ganharia vida (e juro que se fosse preciso eu daria metade da minha pra que isso acontecesse). Não, não quero mais isso. Claro que olho para os infinitos lados que existem ao meu redor-vazio e não vejo nenhum projeto daquilo que eu realmente espero de alguém. E daí? Vou viver a minha vida como sempre vivi e chega! Eu não quero mais gostar sozinha e criar um sentimento platônico por alguma pessoa estranha e que nunca se concretizará. Cansei do platônico. Essa é uma despedida ao som de Ryan Adams e eu não estou triste, talvez triste por você que não me tem mais, coitado. Feliz por mim que me tenho por inteiro de volta. Eu estou em paz!