quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Sobre lembranças que me fizeram chorar

Por que tudo, depois que passa, se torna lindo e perfeito, sendo que, no momento exato em que acontecia, não parecia tanto com um conto de fadas quanto hoje? Pessoas felizes, sorrisos, viagens, hortências coloridas por toda a estrada e mais sorrisos no rosto e poses para fotos. Eu sinto tanta, tanta, tanta falta desse tempo em que éramos uma família. Ninguém morreu, todos estão vivos, mas cada um com a sua vida tão distante um do outro, cada um tentando, provavelmente sem sucesso, ser feliz. E tudo que se separa, se quebra, se divide anda pra trás. Não estamos mortos, mas morremos um pouco no dia-a-dia um do outro, morremos um pouco, talvez, no coração um do outro. Eu usava roupas tão coloridas nas fotos e a Suelen também. Eu acho que roupas coloridas expressam sua alegria de viver, foi assim que interpretei tudo isso. Tanta alegria de viver, meu Deus, eu havia esquecido como é isso. Não, não sou infeliz, mas aquela alegria parecia (e era) tão pura. E a vida deu essa volta toda pra me trazer aqui, nesses 45 metros quadrados tão sofridos que só não são mais sofridos por falta de espaço (não, eu não gosto nunca daqui) com essa geladeira com ovos e leite condensado e geléias e blanquet de peru e gelo e beterraba e cebola (agora me diga que mistura comível posso fazer com isso?). Eu sinto falta da geladeira da minha antiga casa, quando ela era habitada por todos os seus moradores: eu, meu pai, minha mãe, Su, Maria e Xuxo. Eu queria agora sentar na cama dos meus pais, como fazia todas as noites, e dizer a eles que hoje foi meu primeiro dia de aula no jardim de infância e que meus alunos são lindos e que são um pouco bagunceiros, mas a gente supera e que teve lanche e era pão com requeijão e leite com nescau e eu achei a Júlia uma menina linda em todos os sentidos. Eu queria contar que hoje eu almocei com o Léo e amigos no vegetariano do ICC norte e que a torta de frango com legumes é muito boa e satisfaz, mas, às 4 da tarde, quando eu estava saindo da FE, eu senti um cheirinho ótimo de pão de queijo e me deu vontade de comer, mas eu não tinha nenhum real e fui direto pro dentista de lá e ela fez limpeza nos meus dentes e, enquanto ela tirava os tártaros, eu tive a sensação de que ela estava arrancando dente por dente e que eu sairia dali banguela (juro que morri de medo). Também queria dizer que hoje, na academia, eu fiz aula de body pump e tenho dificuldade para malhar membros superiores, mas adoro malhar os inferiores, A-DO-RO o ardor das minhas pernas enquanto faço um milhão de agachamentos com aquela tonelada nas minhas costas. E eu diria outras coisas, meu pai me perguntaria algumas outras e se interessaria pelos meus assuntos por mais banais que eles fossem e ficaria entusiasmado. E eu daria um abraço em meus pais e um beijo e aí sim eu poderia dormir em paz. Porém, a vida deu voltas e eu estou aqui dizendo tudo isso que queria dizer a eles (sentada em sua cama aconchegante) a esse computador idiota que não tem sentimento nenhum, mas que me ajuda a extravasar os meus em excesso. E a coisa que mais me dói nessa vida é aquilo que já foi um dia e que NUNCA mais poderá ser de novo. Eu odeio o NUNCA.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sobre procrastinações e suco gástrico e aula de jump

Em dezessete minutos eu preciso estar pronta para ir à academia, porque hoje eu já procrastinei coisas demais, inclusive a aula de local, inclusive a musculação, inclusive meu estudo for all morning long, inclusive eu, inclusive tudo. Mas eu quero escrever porque eu ainda acho que, dessa forma, eu conseguirei colocar pra fora esse alimento mal mastigado que está me deixando doente, com angústia. Eu estou com essa sensação de que deveria estar fazendo algo que não estou, algo pra mim, com relação a mim e com mais ninguém. Eu, eu mesma. Mas eu não sei o que é. Todos os dias frios e chuvosos e cinzas me deixam assim com esse vazio oco com gosto de suco gástrico subindo o esôfago e chegando à boca, suco gástrico com pedaços mal mastigados de tortelete de morango. E eu sei que não é falta de ninguém porque eu sempre afasto com minhas facas internas e espinhos grudados em minha epiderme todas as pessoas que tentam me fazer bem, eu vou lá e as furo imediatamente, furos profundos, que deixam sangue, muito sangue. Afasto mesmo. Ativo meu mecanismo de defesa imediatamente. Depois tento voltar atrás. O que eu quero da vida? De mim? Por que eu não faço o que eu preciso? Eu procrastino, procrastino, procrastino e isso está me deixando doente. Estou doente de alma. E sei o remédio e não tomo e o deixo em cima do armário. Ah, darling, agora preciso pular um pouco na minha aula de jump pra esquecer todos esses pensamentos por alguns 45 minutos. De 45 em 45 minutos a gente vira um dia, uma semana, um mês e, de repente, passa. Não?

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Sexta-feira muito da não-promissora, prometa-me algo!

Fones de ouvido. Nunca pensei sentir tanta falta de um simples objeto propagador de sons. Ah, mas agora, neste-exato-momento, ele me faz taaaanta falta! I need music nos meus ouvidos. Moon river, maybe. Something classy. Sem meus fones de ouvido não tenho inspiração, ok? É tarde de uma sexta-feira muito não-promissora e como odeio sextas-feiras não-promissoras! São duas palavras que não combinam. Sextas têm que pro-me-ter, baby. Anyway, minha vida não tem prometido nada mesmo. Um-dia-após-o-outro-não-promissor, esse é o resumo da minha vida ultimamente. Tá, acontece uma besteirinha aqui, outra lá, mas nada que me deixe com frio na barriga antes de escolher a roupa que deverei usar, nada que me faça perder a fome (ah, isso seria ótimo em tempos como este em que estou me achando uma orca gorda encalhada na praia de guanabara, baby. Uma orca gorda que não para de comer brownies alemães e barras inteiras de talento branco com passas enquanto assiste à novela da tarde - yes, darling, férias nos destroem!). Eu gostaria muito de - só por hoje - ser a Holly Golightly, tomar uma taça de champagne antes do café da manhã - assim como Paul Varjak, eu nunca fiz isso -, sair andando pelas ruas meio sem destino e ir ao club 21 e tomar todas as taças de drinks possíveis e imagináveis e só voltar pra casa depois de estar bêbada. Ou nem é preciso nada disso. Eu só quero alguma coisa promissora pra hoje. Ou, pelo menos, alguma coisa. Que tédio, dels!