Nossa relação sempre foi meio complicada, mas você conseguiu me surpreender este ano. Você me machucou, devastou meu coração, me trouxe um trauma e uma ferida enormes na alma. Entretanto, eu gostaria de te agradecer, na medida em que me mostrou coisas que, antes, eu não tinha visto, coisas duras, tristes, desencantadoras. E é esse desencanto que me faz abandonar aquilo que, antes, era inabandonável. Ficou fácil ir embora e me desapegar daquilo que me causa repulsa, ojeriza. Começou com um vômito real e acabou com um vômito sentimental.
Não, não me arrependo de ser quem sou, tão aberta, tão transparente, tão entregue, tão inteira em tudo que me proponho a fazer, por mais que tenha sido absolutamente instável. Junto meus pedaços e vou me reconstruir, vou continuar acreditando por mais que tenha vontade de desacreditar pra sempre. Não posso permitir que a feiúra da alma de alguém me faça desacreditar na beleza da vida e na capacidade de recuperação, reconstrução, renovação.
Fico triste por desperdiçar a beleza da minha alma com um pacote bonito que envolvia um conteúdo de caráter duvidoso. Mas não tem revolta não. Eu sou forte, eu continuo, uma hora essa ferida se fecha, cicatriza e sorrir não exigirá tanto esforço de minha parte.
Tchau, agosto. Não volte mais.