Assim que entrei
naquela lancha, tendo como cenário um sol lindo de Salvador, que
comecei a reparar nele (e nos outros garotos). Sim, eu faço pré
análises de carinhas com quem posso me envolver num futuro provável.
Eu analisei os 3 garotos e em 5 minutos eu já o havia escolhido
entre eles.
Eu já o havia
conhecido há uns 2 meses, num Bailinho, em Brasília, mas acho que só
trocamos aqueles 3 beijinhos típicos e nem demos atenção um ao
outro. Naquela época eu não tinha atenção pra dar a ninguém.
Entretanto, ali, em Salvador, quando parei para fazer a minha
análise, ele me chamou muito a atenção. É praticamente impossível
encontrar alguém que se encaixe na maioria dos meus itens de
pré-requisitos para candidatos a provável envolvimento. Ele se
encaixou na maioria deles em uma tarde e depois, à noite, conseguiu
praticamente se encaixar em toda a minha lista e, por incrível que
pareça, conseguiu ser mais interessante que o falecido. Eu poderia
ter me apaixonado por ele só por este último motivo. Talvez ele
tenha colaborado muito para a minha libertação pessoal.
Eu passei a tarde toda
“na minha”, eu nem quis fazer charme, eu nem quis
“conquistar” ninguém. E, por mais que eu o tenha elegido como
candidato, eu só queria me divertir com pessoas agradáveis. Tanto
não me preocupei em manter a beleza, que fui logo pulando no mar. As
meninas não quiseram pra não estragar o cabelo, mas eu vi aquele
mar lindo, com aquele sol escaldante, em frente à ilha de Itaparica e
não me lembrei de cabelo nenhum, apenas pulei, sozinha e nadei. Por
causa desse mergulho fiquei com o cabelo desgrenhado durante o restante do
dia, mas não me importei. Todos decidiram ir à praia de bote e eu
fui nadando e ele veio comigo. Trocamos algumas palavras durante o
trajeto. Mais um ponto pra ele.
Depois eu paguei o maior vexa de todos: enquanto comia o peixe, um espinho enorme
perfurou minha gengiva e minha amiga teve que fazer uma
“mini-cirurgia” pra tirá-lo de lá. Eu, com o cabelo todo
desgrenhado, estava na frente dele com a boca arreganhada enquanto
minha amiga extraía o espinho.
Depois de todo esse
incidente, ele ainda me desafiou a virar uma dose de um conhaque
muito ruim (e depois eu descobri que era tudo com segundas
intenções). Desafio proposto, desafio cumprido. Acho que ganhei um
ponto com ele dessa vez.
Já de volta à lancha,
o sol havia se posto e, sob a luz do luar, o pessoal perguntou se eu
gostava do jeito Tony Stark dele, eu respondi que sim e fiquei
corada, foi a deixa pra todo mundo sair. Ele se dirigiu a mim em
terceira pessoa (com aquele sotaque que eu adoro), disse que havia gostado da garota, mas que qualquer
passo adiante dependeria dela. Eu disse que, se a garota fosse eu e
se tudo dependesse de mim, poderíamos dar vários passos em frente.
Então ele encostou seus lábios quentes e salgados nos meus. Foi um
beijo salgado com um significado doce pra mim.
Ele ganhou mais um
ponto comigo quando me ligou, enquanto eu lanchava no Mc Donald's com
minhas amigas e eu pedi que ele nos buscasse lá e ele disse que
estava sem carro, mas me buscaria porque faria tudo o que eu
pedisse (eu sei que garotos falam essas coisas pra impressionar a
garota, mas eu quis deixar minha marra de lado e me colocar no papel
da garota que se encanta com esse tipo de coisa, afinal eu estava em
Salvador, vivendo um romance de um dia).
O próximo ponto (ele
já deve ter ganhado de goleada esse jogo com tantos gols) ele
conseguiu quando entramos no carro dele e a primeira coisa que ele fez foi tirar o calçado,
dizendo que gosta de ficar descalço. Eu gosto quando revelam
peculiaridades a mim, eu gosto de saber essas pequenezas sobre a vida
de alguém com propensão a se tornar, pelo menos, um pouquinho
especial.
E ele deve ter feito
uns 5 pontos juntos quando me deixou uma mensagem privada na rede
social, dizendo que eu salvei o fim de semana trágico dele.
Desde então sinto
saudades e tento não ficar ansiosa com o fato de que, provavelmente,
nos encontraremos em alguns dias. Eu quero fingir que isso nem é
importante pra mim, eu queria não lembrar que ele vai buscar as
coisas que esqueci no apartamento e que vai trazê-las pra mim, eu
fico o tempo todo pensando que é apenas uma gentileza de quem vem a
trabalho e, por coincidência, far-me-á uma entrega, tipo correio.
Talvez eu tenha
enfeitado a realidade e é isso o que eu faço, mas é, justamente, porque essa história me inspirou que consegui colori-la. Eu não
pulei ainda, eu nem sei se vou pular, mas, enquanto isso, eu fico
colorindo a realidade daqui...