domingo, 27 de março de 2011

Vidas inteiras

Não seja por isso
Eu não tenho pressa
Eu posso esperar vidas inteiras
Mas tenha certeza de que lhe interessa
Deixar escapar o ouro do agora
Para que não seja numa tarde dessas
Tarde demais


Adriana Calcanhoto cantando minha vida....

quarta-feira, 16 de março de 2011

"meu amor"

"Meu amor". Acabei de me lembrar que essas duas palavras saíram (talvez meio sem querer) de sua boca no nosso último encontro. Você não deveria me dizer este tipo de palavra, não sem ter certeza do que elas representam, da sua veracidade para você mesmo. Para mim as palavras não são apenas sons transmitidos por algum emissor sem importância, pelo contrário, reparo atentamente nelas e, quando elas chegam aos meus ouvidos, guardo-as dentro de mim como se fossem tesouros. Claro que não faço isso com qualquer uma, depende da importância que seus emissores possuem pra mim. Você me é importante ainda, não sei até quando porque importâncias devem ser cuidadas, regadas para permanecerem vivas tanto por quem as sente, quanto por quem é a pessoa que importa. Esta planta necessita de cuidados de ambas as partes. Suas duas palavras entraram no meu cofre interno de tesouros peculiares. Estão guardadas, mas, por favor, não fique me dizendo coisas sem, antes, ter certeza.

sábado, 5 de março de 2011

A corrida e o horizonte

Era fim de tarde quando comecei a correr na pista de atletismo. Havia um senhor andando por ali com um olhar de quem procura algo, só depois percebi que ele estava observando o movimento do ar – o vento. Fiquei intrigada com sua maneira de lançar seu bumerangue e obtê-lo de volta como quem sabe exatamente o que faz, como quem calcula cada movimento. Enquanto corria e meu fôlego se esvaía, pensei que, talvez, eu devesse calcular meus movimentos, observar o movimento da vida para saber que, quando eu lançar um bumerangue, ele voltará para as minhas mãos, entretanto eu vivo cheia de espontaneidade, não calculo minhas atitudes, vou, apenas, vivendo, fazendo o que me dá vontade. Pensei que esta, talvez, não fosse uma atitude inteligente. Engraçado como aprendemos uma lição de vida de uma maneira tão inesperada, correndo em uma pista de atletismo, num sábado de carnaval.

Meu objetivo era completar quatro quilômetros em vinte e um minutos, seriam dez longas voltas naquela pista. Enquanto seguia firme em meu propósito, observei o horizonte, onde havia um pedaço do Lago Paranoá, algumas mansões em frente a ele e, mais adiante, nuvens desenhadas no céu que me davam uma enorme sensação de paz.

Um vento refrescante batia em meu rosto à medida que eu avançava. Desejei, naqueles momentos, sair flutuando, pisando no ar em direção a lugar-nenhum.

Do outro lado da pista, Ludmilla avançava rapidamente com seus passos largos, tive uma imagem em câmera lenta de sua movimentação. Quando vejo horizontes e sinto ventos frescos e olho nuvens desenhadas no céu, vivo como se eu fizesse parte de uma cena de filme e assim o era.

Outro rapaz chegou para se juntar a nós na corrida e os quatro quilômetros que não chegavam nunca, comecei a hiperventilar, mas não desisti. Ultimamente, tenho eliminado de mim a vontade de desistir, insisto em continuar, mesmo que seja com velocidade menor, mesmo que o vento esteja contrário a mim, mesmo que eu tenha, muitas vezes, a sensação de que só tenho perdido. E quando eu olhava pro chão, me dava vontade de desistir, mas, logo depois, eu me lembrava do horizonte e fixava meus olhos nele, então eu começava a voar, a pisar o ar, a saltitar rapidamente sobre a pista.

Quando completei minha décima volta e comecei a caminhar, tive a sensação de que havia perdido, ali mesmo, todo o fôlego de vida que ainda restava em mim, mas, logo depois, recebi um fôlego novinho em folha. Achei linda a lição que aprendi com uma simples corrida: Você está quase morrendo e perdendo todo o seu fôlego de vida, mas, então, de repente, recebe um novo fôlego, uma nova vida, um novo ânimo de viver como se estivesse recebendo da vida um prêmio pela sua persistência, pela sua determinação em, simplesmente, continuar.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Acreditando

Tenho reparado as pessoas ao meu redor e tenho percebido que elas são desconfiadas, desacreditadas nas outras pessoas. “Ah, ele te disse isso? E você acredita? Ihhhh”. Eu decidi que acredito sim nas outras pessoas, acredito no amor, um amor bonito, suficientemente dramático pra manter sua chama acesa e que dure muito tempo, talvez uma vida inteira. Tenho acreditado tanto na vida, mais que nunca e não se trata de ilusão, é otimismo, é acreditar, é confiar. Gosto dessas palavras, tenho gostado cada vez mais. Não quero me corromper com a falta de fé que o mundo me ensina todos os dias.

Se eu me decepcionar, sofrer, chorar depois, não me importo, não é isso que vai me fazer desistir de ter fé no outro, na vida.

Se eu sou uma pessoa sincera, verdadeira e transparente, devem existir pessoas assim em algum lugar deste mundo, uma hora a gente se esbarra...

terça-feira, 1 de março de 2011

A prova de fogo e o suco de melancia

Acho que, desta vez, consegui te assustar de verdade. Inconscientemente (ou não), criei essas provas de fogo: fui mostrando minha intensidade aos poucos até que consegui te assustar de vez e fiz com que você fugisse de mim. Talvez você esteja criando fôlego para conseguir respirar novamente. O fato é que eu ainda acho que você soube reconhecer minhas pérolas em vez de confundi-las com lavagem, por isso não me arrependo de ter escancarado as portas pra você.

Eu gosto do sentimento que tem florescido em mim por você, sinto-me mais viva que nunca e sinto, talvez por ser uma eterna sonhadora, que há chances de que ele seja recíproco. Insisto em pensar que não me enganei contigo. Acredito, cada vez mais, em ti.

Não quero ser um nó apertado de gravata, enforcando seu pescoço e parei pra pensar que é exatamente o que tenho sido. Portanto, resolvi afrouxar o nó, soltar, desapegar. Não é de um rótulo que eu preciso e não é o que quero. Gosto de suco de melancia por causa do seu sabor, não pelo nome que ele recebeu.

Decidi que vou gostar de longe, quieta, sem grandes manifestações dramáticas (até o meu próximo texto)...


ps.: Sinto saudades.