terça-feira, 24 de novembro de 2009

pensamentos e horizontes

Por precisar colocar os pensamentos em ordem ou simplesmente dissipá-los por um instante que seja, corri para a janela da área de serviço, encaixei-me ali num espacinho que sobrou, coloquei a cabeça pra fora e olhei o horizonte. Vento balançando meus cabelos, o mesmo que espalhou meus pensamentos por algum lugar do horizonte ainda ensolarado. Lembrei-me, então, do meu lugar preferido na minha antiga casa: a aconchegante varanda. Eu costumava sentar ali, sobre algum tapete qualquer quando algo não estava bem ou quando precisava esquecer o mundo-problemático ao meu redor ou quando estava com vontade de me sentir bem. Era tão fresquinho e eu tinha contato com o mundo exterior sem precisar sair de casa, é como se eu ficasse no limiar entre o dentro e o fora, aproveitando os bons pedaços de cada um. Aqui, em minha nova moradia, só me restam as janelas e os espaços apertados perto delas para colocar a cabeça pra fora, não tenho mais um lugar-meu, um lugar-preferido. Ao olhar o horizonte, o relógio marcava aproximadamente 18 horas e alguns minutos a mais, mas o sol, por ser horário de verão, me dizia ser mais cedo. Acreditei no sol. Olhei, então, para o outro lado da cidade, onde você se encontra provavelmente e fiquei com um sentimento de nostalgia e de não-mais, que, por sinal, é um sentimento horroroso. Você me deixa sem pernas, sem chão, sem norte. Não-mais. E claro que sempre haverá aqui dentro desse coração-bobo-e-crédulo uma magia que me diz “ainda”. Teimo em me segurar nessa voz. Depois fui falar sobre você e as pessoas não entendem, seria melhor que eu ficasse calada e deixasse apenas minhas vozes internas falando e falando aos meus ouvidos o quanto você é tudo aquilo que eu quero em um homem, sem tirar, sem por. Eu precisava tanto de um sorriso, de um “oi, Rê”, de um ainda. Preciso ir embora desse espaço onde sou bem compreendida, desse espaço-meu-virtual porque a sociologia me espera e o motivo porque as pessoas dançam e a vida também. Mas eu juro que eu largaria tanta coisa pra poder te falar dessas coisas que sinto e ouvir você sussurando nos meus ouvidos daquele jeitinho-seu. Estou sofrendo sozinha. Quem sabe uma hora passa, quem sabe dure uma vida inteira. Não sei.

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