Eu odeio quando tenho crises adolescentes e fico aqui toda instável com medo da negação da vida para mim. Na maior parte do tempo, eu tenho sido estável, não tenho tido medo do que tiver que vir. E eu vejo uma foto e meu mundo cai e é adolescente demais para a minha idade biológica sentir esse turbilhão de sensações que vão e que vem, que sobem e que descem. E eu precisava tanto estudar e eu vou estudar, mas em cada linha daquele texto sobre a abordagem humanista eu gastarei vários minutos tentando concentrar-me no que está escrito, enquanto meus pensamentos envolvem minha mente com suas previsões sombrias para aquilo que está aí, jogado sem destino, sem rumo e direção, para aquilo que está solto sem dono, mentira, seus donos apenas não guardaram seus pertences nos lugares certos. E hoje minhas palavras estão completamente sem sentido, aleatórias de um jeito estranho, sem conexões lógicas, exteriormente falando. Mas já dizia o Caio que o ponto crucial em escrever é o dedo na garganta. E é onde o meu se encontra e me deu uma ânsia de vômito, mas está saindo tudo aos poucos, são pedaços muito mal mastigados de carne, não conseguem sair rápido, o processo é demorado. E, penso eu, que não tenho direito a essas coisas normais e enfeitadas e alegres que a gente faz questão de guardar bem guardado num lugar especial do nosso coração. É como se isso fosse um mundo à parte e do oooooooooutro lado estou eu. Eu, vestidinho rosa abaulado, tênis estilo all star branquinho de menininha e laços bonitos nos cabelos, lágrimas nos olhos. Do outro lado o pirulito gigante, a cidade dos sonhos, o escorregador de arco-íris, tudo parecendo com o mundo com que tanto sonhei dos ursinhos carinhosos e aqueles carrinhos bonitinhos que andam voando. Entre mim e a cidade dos ursinhos carinhosos há um precipício e trovões que me assustam. Acostumada, porém inquieta com a situação, desiludida, mas sempre acreditando, eu sento sobre uma pedra empoeirada que suja meu vestidinho rosa e observo, sonhadora, os ursinhos carinhosos e seus amores e sua cidade dos meus sonhos. Será que um dia eu consigo entrar lá? E lá dentro eu guardo a esperança de que seu carro voador cheio de coraçõezinhos daquela cidadezinha feliz venha me resgatar e me levar para o outro lado do precipício. Eu acredito tanto nisso e às vezes dói a ausência, o silêncio, o vazio. Hoje, agora, apertou.
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