sexta-feira, 20 de agosto de 2010

12 de agosto de 2010

Voltei pro meu quartinho de desabafo. Havia me esquecido dele. Estava até legal, sabe? Mas a gente sempre volta, afinal a vida não é um marzão de rosas e sim de água salgada. E hoje meu dia amanheceu salgado, sabor de lágrima guardada, processada, mas não liberada.
Todas as minhas tentativas de desabafo são tão menores que o que eu realmente estou sentindo. Quero escrever, sem sentido, sem ser bonito, sem ser harmônico. Quero falar, falar, falar por meio de letras digitadas no bloco de notas o quanto eu estou com vontade de chorar, chorar pelas pessoas com sentimentos tão pequenos, com corações tão pequenos, com corações tão machucados que, por isto mesmo, não sabem mais ser generosos com os outros ao seu redor. Eu aprendi desde menininha-tímida que não custa nada (e é até legal) ser gentil, ser verdadeiro. Entretanto a minha vida de adulta só me mostra o lado naja do ser humano. Eu queria chorar pelo quanto a vida, ás vezes, é desencaixada, obstruída e lenta em fazer acontecer sei-lá-o-quê. A gente sempre está querendo alguma coisa, batalhando, fazendo planos, querendo mais, crescer, mudar, melhorar. Estou cansada. Gostaria de passar um dia todo sentada em frente a uma paisagem bonita e não querer nada, apenas sentar e olhar e sentir. Ah, eu gosto tanto de sentir, eu sou viciada. Não sei viver sem. Deixar o ventinho gostoso bagunçar meus cabelos sem querer ter vontade de arrumá-los, os fios soltos, esvoaçantes. Um pouco de paz, distância.
E vem o medo. Medo de mergulhar fundo neste rio que me envolve ultimamente. Meus instintos logo dizem que ele é uma ilusão de ótica, que não existe, que é tudo fingido, fake, irreal. E eu querendo mergulhar, entrar, me envolver. E volto e vou e volto e vou e vou-voltando. Ah, tão difícil me desvencilhar desta algema grossa que prendeu minha alma. Estou mesmo é com vontade de mergulhar em tudo, me envolver ao máximo e se chorar no fim, que chore. Se der tudo errado, que dê. Mas, ao mesmo tempo, já não há espaço em mim para tanta aventura a olhos fechados, quero saber onde estou pisando. E nunca sei e nunca vai em frente. E eu quero, mas ao mesmo tempo eu não quero de jeito nenhum.

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